Ministra da Coesão Territorial e Ministro das Infraestruturas visitaram empresas de Cernache do Bonjardim

No passado dia 25 de janeiro, a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e o Ministro das Infraestruturas, João Galamba, deslocaram-se ao concelho da Sertã para visitar empresas localizadas na Zona Industrial de Cernache do Bonjardim. Da comitiva fizeram também parte Isabel Damasceno, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Carlos Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Pedro Ferreira, Deputado da Assembleia da República, Maria João Ribeiro, Presidente da União de freguesias de Cernache do Bonjardim e Palhais e vereadores da Câmara Municipal da Sertã.

A visita teve início na empresa VIVIANA, Lda., em que Dulce Nunes, responsável por aquela unidade fabril, apresentou a história daquela empresa alemã que ali labora há mais de 30 anos e que suporta 89 postos de trabalho. A empresa dedica-se à confecção de roupa interior de senhora, com duas máquinas e meia para cada funcionária, o que exige bastante flexibilidade no trabalho. A visita passou pelas diversas secções da atividade, desde o corte, costura, finalização e embalamento. Aquela responsável referiu os financiamentos obtidos no âmbito do Portugal 2020, que possibilitaram a ampliação da zona fabril em 1000 m2 e a construção de armazém e novo cais. Referindo-se a constrangimentos, Dulce Nunes frisou a necessidade de cursos de formação técnicos e especializados naquela área. Não existe nas escolas qualquer tipo de curso vocacionada para aquele tipo de atividades e cada vez que é admitido um novo funcionário, a empresa tem que fornecer-lhe a formação técnica adequada para desempenhar a função.

Seguiu-se a visita à SolfaEstofo, que opera há 30 anos no sector de estofos, na manutenção, renovação e reparação de bancos de veículos, especialmente transportes públicos, autocarros e comboios. Remodelam interiores de veículos ligeiros, aeronaves, barcos de recreio e sector de hotelaria. Rodrigo Bernardo fez uma apresentação da empresa que, com o revés do mercado provocado pela pandemia, teve que reinventar-se e procurar novos mercados. Referiu diversos concursos públicos ganhos pela empresa, nomeadamente a renovação de bancos de comboios da CP, da congénere espanhola RENFE e as cadeiras da Sala do Senado da Assembleia da República, entre outros. Ao longo da visita, enumerou alguns investimentos feitos pela empresa com recurso a fundos Portugal 2020 e o objetivo de entrar na indústria aeronáutica. Um constrangimento sentido pela empresa e apontado por Rodrigo Bernardo consiste nas acessibilidades, especificamente a EN238 cujo estado e traçado dificultam o transporte quer de matérias-primas quer dos objectos e veículos alvo de renovação assim como a captação de novos clientes.

A comitiva seguiu para a IMOC que labora há 30 anos. Possui 55 postos de trabalho e atua no sector da carpintaria, com especial enfoque em portas e roupeiros, atuando no mercado nacional e também em mercado de exportação. Nelson Leitão referiu que, em termos de produção, a empresa tem capacidade máxima instalada de produção de 700 a mil portas por dia. À semelhança das empresas anteriores, os responsáveis da IMOC apontaram as preocupações decorrentes das acessibilidades, nomeadamente a EN238 que cria transtornos nas deslocações, tanto no transporte das matérias-primas como na distribuição do produto finalizado. “Tudo o quem vem para aqui é com muita dificuldade a nível de transporte”, sublinhou Nelson Leitão referindo que na sua maioria utilizam a EN238.

Após a visita às empresas, Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial mostrou-se bastante satisfeita, frisando que ficou patente “que as pequenas empresas do interior também aproveitam os fundos europeus”. “Estamos a iniciar o novo quadro comunitário em que vamos ter apoios para micro, pequenas e médias empresas, (…) que lhes permitirão inovar, elevar a qualidade, contratar e investir em novo equipamento para poderem diversificar mercados ou especializarem-se numa determinada área de negócio.” O papel destas visitas é “ ver o que há de bom no território e ouvir as preocupações”. Esta governante mostrou-se bastante satisfeita por constatar “o crescimento das equipas, a necessidade de continuarem a investir”, darem “nota da necessidade de criarmos nestes territórios do interior cursos de formação profissional, tornarmos os territórios mais atractivos para os jovens, para fixarmos e atrairmos pessoas. Ao mesmo tempo que celebramos os sucessos, percebemos também o caminho que temos que continuar a fazer (…) com investimento público ou com medidas de política pública para continuar o processo de crescimento, que se faz com base em trabalho qualificado e inovação, que depois se reflecte na competitividade”, concluiu Ana Abrunhosa.

João Galamba, Ministro das Infraestruturas, destacou a “capacidade que as empresas portuguesas têm de se ajustarem rapidamente, respondendo às necessidades e tendo conseguido colocar-se no mercado com os seus produtos, tornando-se um fornecedor de referência.” O governante frisou “a importância da relação entre grandes e pequenas empresas: importa reativá-la, é uma grande oportunidade de produção industrial descentralizada do nosso país e é uma grande oportunidade para o interior e para a economia do país.”

Na perspectiva dos fundos no âmbito do quadro comunitário 2030, Carlos Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, referiu que “é importante que as pessoas saibam que têm muitos recursos à sua disposição. Não podemos desperdiçar os recursos. Todos os empresários têm que perceber o que está em causa. (…) Aquilo que pretendo é chamar os empresários, analisar os eixos estruturantes do quadro 2030 e tentarmos encontrar as melhores estratégias, para podermos ir ao encontro desses recursos. Algumas áreas são transversais a todas as empresas” (…) como é o caso da transição digital “fundamental para que as empresas se tornem mais competitivas e possam internacionalizar”, “da eficiência energética, “importante para todas as empresas, dado que a energia hoje representa um custo tremendo” e “a contratação de recursos humanos altamente qualificados”, entre outras áreas.

O autarca aproveitou a presença dos ministros e dirigindo-se a João Galamba, Ministro das Infraestruturas, abordou a situação da EN238, sublinhando que o projeto previsto não é satisfatório dado que deveria contemplar, à semelhança da variante da EN2 entre Sertã e Vila de Rei, correcção de curvas e zonas com duas faixas, que permitissem uma maior segurança e fluidez do trânsito. João Galamba mostrou-se disponível para marcar uma reunião para breve no Ministério das Infraestruturas para, em conjunto, analisar a matéria e encontrar uma proposta razoável e que satisfaça as populações.

A visita da Ministra da Coesão Territorial e Ministro das Infraestruturas integrou-se na iniciativa “Governo mais próximo” que, durante dois dias, percorreu todos os concelhos do distrito de Castelo Branco, culminando na realização do Conselho de Ministros na capital de distrito a 26 de janeiro.