O papado de Joseph Ratzinger ficou marcado pela súbita e quase inédita saída do cargo por motivos de saúde. Morreu, este sábado, aos 95 anos.
Pouco menos de dez anos depois de ter abdicado do cargo, o Papa emérito Bento XVI morreu este sábado, confirmou o Vaticano. Joseph Aloisius Ratzinger tinha 95 anos.
“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 [8h34 em Lisboa], no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano”, anunciou o Vaticano em comunicado, acrescentando que “assim que possível, serão enviadas novas informações”.
O corpo do Papa emérito estará, a partir da manhã de segunda-feira, dia 2 de janeiro, na Basílica de São Pedro “para que os fiéis se possam despedir”.
A sua morte surge depois de, no dia 28 de dezembro, o Papa Francisco ter pedido uma “oração especial” por Ratzinger, que estava “gravemente doente”.
Numa ocasião em que os escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica faziam manchetes em diversos países, como a Bélgica, a Irlanda ou os Estados Unidos da América, Bento XVI, ainda no avião papal que o transportou de Roma para Lisboa, disse a jornalistas que “a maior perseguição à Igreja” não vem de “inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja”.
Esta declaração fez aumentar o nível de expectativa sobre a visita de quatro dias que levou o Papa ao contacto com peregrinos em Lisboa, Fátima e Porto. Encontros com agentes da cultura, em Lisboa, e católicos empenhados na ação social, em Fátima, constituíram momentos altos da passagem de Joseph Ratzinger por Portugal em 2010.
A visita papal foi acompanhada em permanência pelo então Presidente da República, Cavaco Silva.
As multidões que participaram nas eucaristias presididas por Bento XVI (em Lisboa, Fátima e Porto) levaram a inevitáveis comparações com o poder de atração do seu antecessor, João Paulo II – que entre os portugueses ficou conhecido como o Papa de Fátima, pelas três visitas que efetuou ao Santuário, em 1982, 1991 e 2000.
Apesar de em privado ser visto como “professor” ou “sábio”, Bento XVI mostrou que também conseguia surpreender as multidões.
Isso mesmo já acontecera em outubro de 1996, quando, em Fátima, o então cardeal Joseph Ratzinger, investido nas funções de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé — que sucedeu ao Santo Ofício — e assumindo um verdadeiro papel de “guardião da fé”, disse perante uma multidão de peregrinos que o segredo de Fátima “não tem uma importância essencial para a fé”.
Na sua primeira visita ao Santuário da Cova da Iria, o cardeal Ratzinger, uma das poucas pessoas que já lera o texto do chamado terceiro segredo de Fátima, guardado no Vaticano desde 1957 e que viria a ser revelado por vontade de João Paulo II em 2000, disse: “O segredo, na realidade, não se ocupa com a grande história do mundo para informar sobre coisas com que um dia nos possamos deparar”, sublinhando que o texto “não é um ensinamento de história futura, mas uma ajuda e uma educação da fé”.
“A verdadeira vontade da Senhora é convidar à conversão, à fé simples e sem especulações sobre o futuro”, disse Joseph Ratzinger.
Esta passagem de Ratzinger por Fátima ficou ainda assinalada pelo sublinhado que fez sobre o papel dos “pequeninos, os menores, os sem voz” na transmissão da mensagem de Maria.
O reitor do Santuário de Fátima recordou, este sábado, a “relação muito especial” de Bento XVI com Fátima.
“Podemos por um lado recordar o Comentário Teológico à Terceira Parte do Segredo, que é da sua autoria, mas recordamos sobretudo a visita a este Santuário no ano de 2010”, lembra padre Carlos Cabecinhas, em nota publicada no site.
O responsável sublinha ainda o “grande amor” que Joseph Ratzinger tinha à Igreja, numa das primeiras reações da Igreja Católica Portuguesa à morte de Bento XVI, anunciada esta manhã.
O padre Carlos Cabecinhas foi o responsável nacional da liturgia em todas as celebrações realizadas pelo Papa emérito em Portugal, quando visitou o país em 2010.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou, este sábado, a morte do Papa emérito Bento XVI e prestou as suas condolências ao Papa Francisco.
“O Presidente da República enviou uma mensagem de condolências a Sua Santidade o Papa Francisco manifestando profunda consternação pelo falecimento de Sua Santidade o Papa Emérito Bento XVI”, lê-se numa nota publicada no site da Presidência da República.
Na nota, Marcelo descreveu Bento VXI como “um símbolo de estabilidade e de defesa dos valores da Igreja Católica”. “O Amor ao próximo, a Solidariedade e o apoio aos mais pobres e aos mais desprotegidos e a importância do Perdão e da Reconciliação”, sublinhou.
O Presidente da República recordou ainda a visita do Papa emérito a Portugal, em maio de 2010, “por ocasião do 10.º aniversário da beatificação dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto” e não esquece “as palavras de apreço então expressas” relativamente a Portugal.
O Papa emérito Bento XVI morreu este sábado, confirmou o Vaticano. Joseph Aloisius Ratzinger tinha 95 anos. O corpo de Bento XVI estará, a partir da manhã de segunda-feira, dia 2 de janeiro, na Basílica de São Pedro “para que os fiéis se possam despedir”.
Líder da Assembleia da República prestou uma última homenagem a Joseph Aloisius Ratzinger.
O Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, considerou este sábado que a “morte de Bento XVI mergulha em luto profundo a Igreja Católica e os seus fiéis”.
Numa publicação na rede social Twitter, o líder do Parlamento português fez questão de prestar homenagem à “sua memória, destacando a estatura intelectual e o gesto fundacional da resignação”.
O Papa emérito Bento XVI morreu este sábado, aos 95 anos de idade, segundo a informação confirmada pelo Vaticano. O óbito acontece quase dez anos depois de ter abdicado do cargo.
O bispo auxiliar de Lisboa sublinhou ainda a sucessão “particularmente difícil” do cardeal alemão, dado que sucedia ao ‘Papa do Mundo’.
Obispo auxiliar de Lisboa considerou que Bento XVI foi um “gigante da reflexão” e que ainda se está longe de entender muitas das reflexões que foram feitas por ele.
“Quando a História puder ser feita, será, sem dúvida nenhuma, um gigante, um doutor da Igreja, naquilo que é a sua profunda reflexão teológica”, sublinhou, em declarações à SIC Notícias.
Dom Américo Aguiar explicou ainda que “várias vezes” tem que ler as mesmas reflexões do Papa Emérito, que morreu esta manhã, por forma a atingir “o valor e riqueza” das palavras.
“É um homem que deus iluminou e preparou com dons de reflexão profunda”, apontou.
O responsável falou ainda da “humildade profunda” com que o Papa visitou o Porto, em 2010, na sua segunda visita ao país – a primeira em 1996. Dom Américo Aguiar diz ainda que nesse momento se conseguiu ver uma faceta do homem, que não era “associada” ao cardeal Ratzinger.
Ainda questionado sobre as diferenças entre Bento XVI e Francisco, Dom Francisco Aguiar disse “que todos somos diferentes”. “O Papa Bento XVI foi original numa sucessão particularmente difícil porque suceder ao Papa João Paulo II era particularmente difícil”, apontou, referindo-se que o seu antecessor era o ‘Papa do Mundo’. “O cardeal Ratzinger não tinha propriamente uma boa imagem mediática e assumiu-a heroicamente”, afirmou.
Ainda quanto à resignação, o bispo considerou que este foi mais uma vez um momento de “humildade”.
Funeral de Bento XVI na 5.ª-feira; “Símbolo de estabilidade”
O Papa Emérito Bento XVI morreu, este sábado, dias após o Papa Francisco pedir uma “oração especial” por Joseph Aloisius Ratzinger, que estava “gravemente doente”. Tinha 95 anos.
Segundo anunciou o Vaticano, “o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 [8h34 em Lisboa], no Mosteiro Mater Ecclesiae”.
O corpo de Ratzinger estará, a partir da manhã de segunda-feira, dia 2 de janeiro, na Basílica de São Pedro “para que os fiéis se possam despedir”.