“Não podemos aceitar empobrecer a trabalhar”, ouviu-se em palavras de ordem.
Milhares de trabalhadores desfilaram esta quinta-feira em Lisboa do Largo Camões até à Assembleia da República num protesto organizado pela CGTP contra o aumento do custo de vida e por aumentos salariais e das pensões.
A manifestação arrancou perto das 15h10 e chegou cerca de uma hora depois a São Bento e pelo caminho ouviram-se palavras de ordem como “o custo de vida aumenta e o povo não aguenta”, “não podemos aceitar empobrecer a trabalhar” ou “para o país avançar, salários aumentar”.
À frente da manifestação, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, ladeada por vários dirigentes sindicais, entre os quais Mário Nogueira, da Fenprof, seguravam uma faixa vermelha onde se lia “pelo aumento geral dos salários” e “contra o aumento do custo de vida e pelo controlo dos preços”.
Os manifestantes seguravam cartazes a criticar o “orçamento do empobrecimento” e alertavam para a “emergência nacional” de aumentar os salários e as pensões numa altura em que o poder de compra está a diminuir.
Na manifestação esteve a líder do BE, Catarina Martins, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que saudaram os manifestantes.
“É impossível o Governo dizer que está tudo bem e depois quem vive dos seus salários enfrente dificuldades todos os dias”, disse Catarina Martins, defendendo que são precisas medidas “urgentes” como controlo dos preços e atualização dos salários e pensões.
“Quem vive do seu trabalho tem cada vez mais dificuldade todos os dias e é por isso normal que a contestação social aumente”, acrescentou a coordenadora do BE.
Por seu lado, o secretário-geral do PCP realçou a “grande jornada de luta” e a “determinação” dos trabalhadores” considerando que esta é “uma luta que é mais que justa” pelos direitos “de quem produz a riqueza no nosso país e que merece uma vida melhor”.
Na manifestação estiveram trabalhadores de diferentes idades e de vários setores, entre eles, João Gonzalez, 24 anos, trabalhador-estudante, a tirar um mestrado, que está a recibos verdes no município de Lisboa há quase dois anos.
“É altura dos jovens saírem às ruas paras reivindicarem melhores salários, melhores direitos laborais” numa altura em que “é muito difícil comprar casa” e “uma fração muito mínima da população jovem é que se consegue endividar”.
Também Ana Almeida, 45 anos, assistente operacional há 22 anos no Hospital Dona Estefânia, considerou importante estar na manifestação, sublinhando que recebe o salário mínimo estando no quadro há 20 anos.
“Que grande dia de luta”, disse Isabel Camarinha em cima do palanque montado frente à escadaria da Assembleia da República, referindo que “em todo o país” os trabalhadores mostraram o seu descontentamento.
A CGTP realizou esta quinta-feira um dia nacional de protesto, com greves e manifestações em vários pontos do país, pelo aumento dos salários e das pensões, contra a subida do custo de vida e para reivindicar emprego com direitos.
O “dia de indignação” da CGTP incluiu manifestações em várias cidades do país, entre elas, Lisboa, Porto, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Setúbal, Santarém, Portalegre, Viseu, Vila Real e Funchal.
Aos jornalistas, a líder da CGTP sublinhou que o protesto “teve uma expressão de muitos milhares de trabalhadores” e que “foi sempre a luta dos trabalhadores que obrigou a alterações, a mudanças, a tudo o que são transformações para melhor na nossa sociedade, nomeadamente no plano social e laboral”.
“A proposta que a CGTP faz de 10% ou um mínimo de 100 euros de aumento para todos os trabalhadores é a garantia de que no nosso país tiramos os trabalhadores da pobreza”, defendeu Isabel Camarinha.