Ourém recebeu 114 famílias de refugiados vindos da Ucrânia

O Município de Ourém recebeu 114 famílias refugiadas na sequência na guerra na Ucrânia, num total de 292 pessoas, disse à agência Lusa o presidente da Câmara.

Segundo Luís Albuquerque, chegaram ao concelho 144 mulheres, 24 homens e 124 crianças deslocados de guerra.

“Desde 02 de março do ano passado [2022], quando começámos a receber refugiados, são estes os números totais”, afirmou, explicando que a autarquia tem procurado apoiar as famílias em diversas áreas.

Referindo ter havido uma recolha de bens, o presidente da Câmara adiantou que os apoios se estenderam ao nível da educação, “nas matrículas dos alunos e também nas candidaturas à ação social escolar”.

“Fizemos também, em conjunto com o Centro de Emprego e Formação Profissional de Tomar, três cursos ‘Portugal Língua de Acolhimento'”, nos quais participaram cerca de 70 pessoas, apontou.

Já em colaboração com o Ministério Público, Tribunal de Famílias e Menores, e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras foram encetados os procedimentos para a legalização destes cidadãos no país, sendo que com os centros de saúde houve rastreios à tuberculose e prestação de cuidados de que os refugiados necessitavam.

“Neste momento, temos cerca de 50 pessoas ainda a beneficiar de cabazes alimentares e apoio alimentar”, declarou, esclarecendo que neste âmbito foi aprovada uma candidatura, com investimento elegível de 262 mil euros e financiamento de 75%.

Quanto à habitação, este município do distrito de Santarém tem “procurado integrar as famílias através de uma bolsa de alojamento” que foi criada.

“Já temos sete famílias que estão alojadas em apartamentos que foi possível arranjar”, observou.

Sobre as principais preocupações decorrentes do acolhimento de refugiados, Luís Albuquerque realçou existir “uma grande preocupação com o seu futuro”, nomeadamente o das crianças.

“Algumas famílias regressaram, outras foram integradas com outras pessoas noutras partes do país, mas a maior preocupação era, efetivamente, com as crianças e com o seu futuro”, sustentou.

O autarca reconheceu que a situação, quase um ano depois do início da guerra, está mais estabilizada, mas há necessidade de “continuar a acompanhar” famílias, igualmente ao nível de alojamento, realçando a função social da Câmara.

“Há algumas situações complicadas”, admitiu, exemplificando com o caso de pessoas idosas que não é possível integrar no mercado de trabalho, mas prometendo trabalho para que estes casos sejam ultrapassados.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas (ONU), que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A ONU apresentou como confirmados, desde o início da guerra, 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.