Doze pessoas estão a frequentar o curso de construção naval de embarcações tradicionais como o barco moliceiro, no Centro de Interpretação da Construção Naval, em Pardilhó, no concelho de Estarreja, informou hoje a autarquia.
O curso de formação profissional de Construção Naval é promovido pelo município de Estarreja, no distrito de Aveiro, em parceria com o Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar (FOR-MAR) e com o Centro Qualifica de Estarreja do Agrupamento de Escolas de Estarreja.
“A iniciativa surge da vontade e da necessidade de defesa da arte da construção naval, que atualmente é apenas praticada de forma regular por cinco mestres construtores e por um pintor de moliceiros, sedeados nos concelhos de Estarreja e Murtosa”, refere uma nota explicativa do curso.
No final de 2022, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) inscreveu “como registo de salvaguarda urgente” o Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Segundo a Câmara de Estarreja, é em Pardilhó que os barcos moliceiros têm o seu ‘núcleo’ de produção, seguindo técnicas milenares de construção, utilizando o machado e a enxó, numa arte que ali se mantém pelas mãos dos mestres construtores António Esteves, Arménio Almeida e Felisberto Amador.
O carpinteiro Arménio Almeida aceitou o desafio do município para integrar o corpo de formadores do curso, colocando o seu conhecimento como carpinteiro naval ao serviço das novas gerações, e assim garantindo a aprendizagem e continuidade desta arte tradicional.
O curso é ministrado num antigo estaleiro tradicional em madeira, na Ribeira d’Aldeia, onde, durante meio século, se construíram e repararam embarcações e que foi reerguido e transformado em Centro de Interpretação da Construção Naval e sede da Estação Náutica de Estarreja.
“Este curso profissional visa incutir esta paixão nos formandos, contribuindo para preservar um património significativo para as gentes ligadas à ria e representativo da proximidade à zona ribeirinha e da ligação intrínseca à ria de Aveiro e à construção naval”, disse no primeiro dia de aulas Diamantino Sabina, presidente da Câmara de Estarreja.
O autarca lançou o desafio aos alunos para a criação de uma empresa de construção naval artesanal.
Em meados do século XX, em Pardilhó, estavam registados mais de 30 carpinteiros navais no ativo e a Carpintaria Naval foi a atividade económica mais significativa da história de Pardilhó, sendo a arte passada de geração em geração, com instrução pelos velhos mestres e os estaleiros servindo de escola aos novos aprendizes.
A intenção de criar um curso de formação profissional de atividades marítimo-turísticas e construção naval em Estarreja foi anunciada em dezembro.
A construção do barco Moliceiro insere-se na tradição da arte de construção naval tradicional, com origem na região de Aveiro, sendo que este tipo de embarcação foi inicialmente criado e utilizado para a apanha do moliço, uma das mais importantes atividades económicas que a região conheceu durante várias décadas.