Trabalhadoras em greve por salário em atraso na Coralfish em Peniche

As nove trabalhadoras da produção da Coralfish, no concelho de Peniche, estão hoje de manhã em greve por atraso no pagamento do salário e a fábrica de congelados está fechada, informou o sindicato da indústria alimentar.

“Houve uma adesão de 100% à greve, a fábrica está fechada e as nove trabalhadoras estão em greve de manhã, por quatro horas, e concentradas frente à fábrica”, disse Marcos Rebocho, coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria Alimentar (STIAC).

Segundo o dirigente, desde julho de 2022, que a empresa localizada na Atouguia da Baleia, no distrito de Leiria, tem vindo a pagar em atraso os salários.

“Todos os meses recebem o salário do mês anterior por volta do dia 20. Ao dia 15, o sindicato envia os pedidos de suspensão dos contratos à Segurança Social e à Autoridade para as Condições de Trabalho [ACT] e, quando é notificado, o patrão acaba por pagar”, explicou.

“Neste momento, as trabalhadoras estão com o salário de maio em atraso”, precisou Marcos Rebocho, acrescentando que, mais uma vez, na quinta-feira, o STIAC vai voltar a enviar os pedidos de suspensão dos contratos de trabalho àquelas entidades.

Contactada pela Lusa, a administração da Coralfish não prestou esclarecimentos.

O dirigente sindical adiantou que, nas conversações entre o STIAC e a administração da empresa, “o patrão responde que paga quando quer, por ter dificuldades”.

De acordo com o sindicato, existem trabalhadores em situação de dificuldade financeira “com prestações e rendas em atraso e dificuldades em comprar alimentos”.

Face às dificuldades, alguns trabalhadores optaram por sair, mas a maioria mantém-se por haver trabalhadoras “com 25, 20, 15 anos de fábrica e terem dificuldade em sair para outro lado”.

Além do salário, as trabalhadoras que já gozaram férias este ano têm também em atraso o subsídio de férias.

As trabalhadoras queixam-se ainda de más condições de trabalho e de terem de comprar os detergentes para limpar a fábrica, assim como o vestuário e o calçado de trabalho, custos que a administração “vai pagando”.

Desde março que o STIAC pede a intervenção da ACT, a quem a Lusa pediu também esclarecimentos e aguarda resposta.