Consulta pública ao troço Porto-Aveiro do TGV fecha com críticas e 822 contributos

A consulta pública ao traçado ferroviário da linha de alta velocidade Porto – Aveiro, hoje consultada pela Lusa, encerrou com 822 participações e gerou críticas de autarquias atravessadas pelo percurso, sobretudo no distrito de Aveiro.

De acordo com o portal participa.pt, a consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do troço Porto – Aveiro, que encerrou na sexta-feira e esteve aberta desde o dia 05 de maio, gerou 822 participações.

O troço Porto-Aveiro da futura linha ferroviária de alta velocidade que deverá ligar Vigo a Lisboa custará 1,65 mil milhões de euros, dos quais 500 milhões financiados por fundos europeus.

O troço Porto-Aveiro é o lote A da ligação Porto-Soure, que corresponde à primeira fase da linha Porto-Lisboa, cujo arranque está previsto para 2028, e “será construída em via dupla eletrificada, com uma velocidade máxima de projeto de 300 km/h, para tráfego exclusivamente de passageiros”.

O projeto prevê ainda a ligação à linha do Norte em várias soluções alternativas, possibilitando a chegada de serviços de alta velocidade à atual estação de Aveiro, tendo sido estudadas “três alternativas possíveis” de ligação na zona de Canelas, no concelho de Estarreja (distrito de Aveiro).

No dia 07 de junho, a Assembleia Municipal de Estarreja discutiu o traçado, tendo o presidente da Câmara, Diamantino Sabina, adiantado que iria propor a “alternativa zero”, exigindo que o projeto seja abandonado, argumentando que o município é já atravessado pela Linha do Norte e por duas autoestradas, a A1 e a A29, além de um gasoduto, e ficará ainda mais “retalhado” com a linha e a sua ligação à Linha do Norte, que vai “separar” a União de Freguesias de Canelas e Fermelã, em Canelas.

Já os sete partidos representados na Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira aprovaram, em 14 de junho, o traçado da Linha de Alta Velocidade que não prevê demolições nesse concelho do distrito de Aveiro, mas para o presidente da Câmara, Emídio Sousa, as propostas da IP não tiveram em conta projetos que representam “100 milhões de euros e 1.200 postos de trabalho” em investimentos já previstos para as zonas a expropriar, nomeadamente nas áreas de expansão do parque empresarial LusoPark.

A Câmara de Ovar aprovou por unanimidade, no dia seguinte, a Alternativa 2.1 proposta pela IP para a linha, por ser essa a que melhor preserva Arada e Válega, “rejeitando em absoluto a Solução B”, que foi a aprovada pela autarquia contígua de Santa Maria da Feira, por não prever demolições naquele concelho.

No total do projeto Porto-Aveiro, são propostas as soluções de traçado A e B, dois “corredores alternativos com início comum em Oiã”, no concelho de Oliveira do Bairro (distrito de Aveiro), e “final na agora prevista estação AV de Vila Nova de Gaia, localizada em Santo Ovídio”, com 66 quilómetros de extensão, existindo uma única solução C entre Santo Ovídio e Campanhã, de 4,4 quilómetros, que implica a construção de uma nova ponte sobre o Douro.

A futura travessia promove uma “semelhança de imagem” com a ponte Luís I, tendo “tráfego ferroviário no tabuleiro superior e tráfego rodoviário, ciclável e pedonal, no tabuleiro inferior”, e custará 110 milhões de euros.

No Porto, a inserção da linha de alta velocidade na atual estação de Campanhã vai afetar os conjuntos habitacionais conhecidos como ‘ilhas’ daquela zona, mas só depois de concluídos os projetos de execução serão conhecidas “com absoluto rigor” as propriedades afetadas, segundo a IP.

O documento especifica que o projeto “poderá afetar 42 habitações, pelo que se estima que o número de famílias e indivíduos afetados seja, pelo menos, de 21 famílias e 43 indivíduos”, mas também refere que “os bairros afetados pelo projeto terão uma população de 46 famílias e 96 indivíduos”.