Casos de violência no Centro Hospitalar do Baixo Vouga aumentaram em 2022

A violência sobre profissionais de saúde no Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), que em 2021 teve 29 casos reportados, mais do que duplicou em 2022, com 59 casos, revelou hoje fonte hospitalar.

“Queremos que todos sintam um ambiente hospitalar seguro”, disse Margarida França, presidente do conselho de administração do CHBV, que engloba os hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja.

Margarida França falava na abertura do primeiro Encontro do Centro Hospitalar do Baixo Vouga dedicado à “Prevenção e combate da violência no setor da saúde”, no qual os dados foram apresentados.

“É uma questão que nos preocupa muito e temos de tentar prevenir e ter capacidade de resposta quando as situações ocorrem, para proteger todos, porque muitas vezes o utente também se coloca numa situação de risco”, disse.

A coordenadora do gabinete de Gestão de Risco do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Ângela Rodrigues, disse à Lusa que já estão a ser tomadas medidas.

“O Centro Hospitalar tem em andamento a colocação de botões de pânico, principalmente nas áreas de maior reporte e de maior incidência”, revelou, adiantando também que uma das medidas que “está em cima da mesa” é o alargamento da presença policial.

“Em 2021 e a nível de notificações de violência contra os nossos profissionais tivemos 29 notificações, mas em 2022 tivemos 59 notificações, incluindo violência física com danos físicos a profissionais, entre elas quatro situações com alguma gravidade”, esclareceu.

Segundo Ângela Rodrigues, a maior parte “são violências em que o agressor é o utente ou familiar” e ocorreram na urgência, mas também houve reportes em outros serviços hospitalares.

“A maioria são, no entanto, agressões verbais, que vão desde a injúria à ameaça física, e também temos tido algumas notificações de violência entre profissionais”, revelou.

Ângela Rodrigues atribui os números à maior consciencialização para o problema: “as pessoas antigamente não reportavam, mas hoje em dia já não toleram tanto os comportamentos de agressividade e percebem que não pode ser admissível”.

“Eu acho que tem também a ver com alguma saturação porque vimos de uma pandemia em que as pessoas foram levadas aos seus limites”, conclui.