A Comissão de Utentes em Defesa do SAP 24 Horas da Marinha Grande exigiu hoje a reposição do normal funcionamento dos serviços de saúde no concelho e considerou existir uma “degradação propositada” do Serviço de Atendimento Permanente.
Numa informação dirigida à população deste concelho do distrito de Leiria e enviada à agência Lusa, a comissão defende “a atribuição de médicos de família aos mais de 7.000 utentes” sem estes clínicos, “a reposição do médico retirado da extensão de saúde da Vieira de Leiria” e a “reabertura da extensão de saúde da Moita, substituída por um balcão digital”.
Por outro lado, a comissão refere que se deve “pôr termo à continuação da degradação do SAP” e que se deve procurar “assegurar o seu regular funcionamento, como uma retaguarda do hospital de Leiria, até à criação de um Serviço de Urgência Básica”.
A comissão quer também “informação das entidades que superintendem os serviços de saúde pública dos objetivos pretendidos com a implementação da Unidade Local de Saúde, sob a base de um plano de negócio”.
“Até agora, e apesar da insistência perante os serviços regionais e nacionais do Ministério da Saúde, não só não foi dada qualquer resposta a nenhuma destas exigências dos utentes, como vimos assistindo a uma degradação propositada, sucessiva e continuada do funcionamento do SAP, visando ‘objetivamente” o seu encerramento”, adianta a informação.
A Comissão de Utentes em Defesa do SAP 24 Horas da Marinha refere ainda que se assiste, “ao mesmo tempo, a uma escalada a nível nacional de ataques ao SNS [Serviço Nacional de Saúde], materializada, entre outros, em mais de um milhão e seiscentos mil utentes sem médico de família e no encerramento temporário, de quinta a segunda-feira, das maternidades de certos hospitais, criando, inevitavelmente, um caos no setor da obstetrícia”.
A comissão apela à população da Marinha Grande que se associe ao Dia Nacional de Luta que a Intersindical Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses convocou para quarta-feira, “em todos os setores e em todo país, sob o lema aumentar salários, garantir direitos, contra o aumento do custo de vida, pelo direito à saúde e à habitação”.
À agência Lusa, Aires Rodrigues, membro da comissão, realçou que se sente uma degradação dos serviços de saúde, exemplificando com “a continuação da falta de médicos de família” e o funcionamento “intermitente” do SAP.
Em março, a comissão manifestou-se contra a criação da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria.
“Esta decisão foi tomada à revelia e sem consulta, nem dos profissionais dos cuidados de saúde primários, nem dos utentes ou seus representantes”, afirmou então Aires Rodrigues.
A ULS da Região de Leiria prevê a integração dos hospitais de Alcobaça, Leiria e Pombal (Centro Hospitalar de Leiria) e dos cuidados de saúde primários do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Pinhal Litoral (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós), de dois concelhos servidos pelo ACES Oeste Norte (Alcobaça e Nazaré) e de Ourém (ACES Médio Tejo), com uma população de 371.940 pessoas.
O plano de negócios revela sustentabilidade financeira do novo organismo, assim como capacidade de oferecer cuidados de saúde mais adequados à população.