A Câmara das Caldas da Rainha garante que não irá aceitar que o concelho fique sem hospital, considerando que isso resultaria numa “devastação social e económica” que nenhuma medida compensatória poderá aliviar.
Numa carta aberta à população, o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vítor Marques (independente), assegura que “enquanto autarca” não vai aceitar que o concelho, no distrito de Leiria, “fique sem hospital”, na sequência da decisão do Ministério de Saúde de construir o Novo Hospital do Oeste (NHO) no Bombarral, no mesmo distrito.
“Não posso aceitar uma decisão que vai claramente contra os interesses da população que me elegeu, por maioria de razão quando essa decisão implica o fim de cuidados hospitalares no concelho”, escreve Vítor Marques na carta aberta divulgada hoje.
Na carta, Vítor Marques lamenta que “apesar de todo os esforços coletivos” realizados para que o novo hospital fosse construído na confluência dos concelhos das Caldas da Rainha e de Óbidos, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, tenha optado pela localização no Bombarral, com base nas conclusões de um estudo encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim).
O autarca garante não estar “a lutar apenas por um novo equipamento”, mas sobretudo “a lutar por não perder uma unidade de saúde onde o município se prepara para investir cerca de 700 mil euros” na requalificação da maternidade, considerando que o hospital é “absolutamente vital para a saúde e a qualidade de vida dos caldenses, para o progresso económico da região e para a manutenção da coesão deste território no panorama regional e nacional.”
Para Vítor Marques, a decisão do ministro da Saúde “não levou em conta os argumentos de peso que Caldas, em conjunto com Óbidos e Rio Maior, foi apresentando, designadamente num parecer técnico da Universidade Aveiro […] que aponta graves lacunas ao estudo que indica como localização preferencial o Bombarral”.
Tal decisão, lê-se na carta aberta, “desconsiderou o duro golpe que o decorrente encerramento do hospital das Caldas desfere sobre a saúde dos caldenses e de todos os habitantes do Oeste Norte, especialmente os mais frágeis e os mais desfavorecidos”.
Além disso, acrescenta, “ignorou os efeitos económicos e sociais profundamente negativos que se abaterão sobre a cidade e sobre o concelho” com o encerramento do atual hospital.
“A câmara vai lutar até ao último dia” pela manutenção do hospital nas Caldas da Rainha para acautelar que “uma decisão do Estado Central não deixe uma onda de devastação social e económica” no concelho, “que nenhuma medida compensatória poderá aliviar”, assegura o autarca.
Além desta carta, intitulada “Estamos em Luta pelo Hospital”, o município pediu também a marcação de uma Assembleia Municipal extraordinária que tem como ponto único a localização do NHO.
A sessão, marcada para as 20:30 de dia 11, no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, reserva um período de intervenção do público mais alargado do que previsto no regimento para que a população possa pronunciar-se sobre a questão.
Em novembro de 2022, a OesteCim entregou um estudo encomendado à Universidade Nova de Lisboa para ajudar o Governo a decidir a localização do novo hospital, documento que apontava o Bombarral como a solução ideal.
Em março, as câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos entregaram ao ministro um parecer técnico a contestar os critérios utilizados no estudo, defendendo que fossem tidos em conta outros critérios e que o novo hospital ficasse localizado na confluência dos dois concelhos.
O NHO substituirá o atual Centro Hospitalar do Oeste (CHO), que integra os hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.
Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e os de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.