Uma obra ainda em construção da espanhola Angélica Liddell, “Entrelinhas”, de Tónan Quito e Tiago Rodrigues e uma revisitação de “Haikus”, de Sónia Baptista, por André e. Teodósio são algumas das propostas do festival Citemor deste ano.
O festival, que realiza este ano a sua 45.ª edição, vai decorrer de 21 de julho a 12 de agosto, que volta a repartir-se entre Coimbra, Figueira da Foz e Montemor-o-Velho, município que é o epicentro do Citemor.
Ainda a recuperar dos anos em que esteve arredado de financiamento público, o festival mantém o empenho na “criação de condições para a pesquisa propriamente artística”, sempre com espaço para “novas gerações” e para novas “abordagens conceptuais e estéticas”, sem nunca esquecer a ligação a Espanha que o festival historicamente cultiva, disse à agência Lusa Armando Valente, que faz parte da direção do Citemor.
A 45.ª edição arranca a 21 de junho, no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), em Coimbra, com a antestreia de “Retrospectiva”, em que ‘performer’ e escritor Rogério Nuno Costa olha de forma crítica para o seu percurso, mapeando, sobretudo, “as falhas” e o que ficou por fazer ou que não deveria ter sido feito, explicou.
No dia 27 de julho, no Teatro Esther de Carvalho, em Montemor-o-Velho, a encenadora e dramaturga espanhola Angélica Liddell, presença habitual no festival entre 2007 e 2017, irá mostrar uma obra que explora a ideia de ódio, ainda em processo de construção, na sequência de uma residência no festival.
Na Fábrica de Mármores, também em Montemor-o-Velho, Tónan Quito interpreta, no dia 29, “Entrelinhas”, uma criação em conjunto com Tiago Rodrigues, atual diretor do festival d’Avignon, em que se olha para a relação entre “autor e ator”, numa peça que mistura o “Édipo Rei”, de Sófocles, com as cartas de um preso para a sua mãe, escritas nas entrelinhas de uma edição daquela tragédia grega.
Já a 04 de agosto, no Teatro Esther de Carvalho, André e. Teodósio “reativa” “Haikus”, a primeira obra de Sónia Baptista, de 2002, artista que, no dia seguinte apresenta, em antestreia, na Fábrica de Mármores, “Sweat, Sweat, Sweat (um conjunto de pequenos afrontamentos)”, uma espécie de “segunda série de peças curtas”.
A 10 de agosto, no Teatro Esther de Carvalho, é apresentada a produção “Ay, Jacinto”, de David Benito, Elena Córdoba e Luz Prado, com a participação da Filarmónica 25 de Setembro, que aborda a praga de jacinto de água que afeta o antigo curso do rio Mondego, criando breves retratos daquelas plantas, que se constroem entre som, escrita e imagens de microscópio.
Uma residência artística da companhia espanhola El Pollo Campero. Comidas Para Llevar, um espetáculo de Sílvia Real que junta música e dança numa visão do palco “como lugar de união, combate e utopia”, uma antestreia da coreógrafa Olga Mesa e um processo de criação ainda aberto de Joãozinho da Costa são outras das propostas do festival, que termina no dia 12 de agosto, com um concerto de Jéssica Pina, na Praia do Cabedelo, na Figueira da Foz.
Durante todo o festival, será também possível ver uma obra de vídeo arte de Genadzi Buto, intitulada “Too Big Drawing”, patente na Alcáçova, em Montemor-o-Velho.