A Flatlantic, empresa de aquacultura, na Praia de Mira, no distrito de Coimbra, vai construir numa nova unidade, no próximo ano, orçada em 60 milhões de euros (ME), para aumentar a capacidade produtiva de linguado.
“É um projeto de expansão que temos a médio prazo. Iremos iniciar pela construção de uma primeira unidade de engorda e uma nova maternidade”, sendo que, a ideia é aumentar a “capacidade produtiva da espécie de linguado”, disse hoje à agência Lusa a diretora executiva da Flatlantic, Renata Serradeiro.
Após o lançamento do aviso ao programa Mar 2030, o projeto será candidato para que possa ter algum apoio financeiro.
Atualmente, a empresa tem duas unidades, uma que se dedica à engorda de pregado em circuito aberto, onde foram produzidas 3.100 toneladas de pregado, em 2022.
Relativamente ao linguado, foram produzidas, no mesmo ano, 21 toneladas.
A outra unidade, está inativa desde que houve um acidente com um emissário de captação, quando a empresa pertencia à Pescanova, por isso, a Flatlantic está a guardar que esse emissário possa ser reconstruído para retomar a produção de pregado e, desse modo, atingir o objetivo de produção de 6.000 toneladas deste peixe por ano.
Desde 2017 que a empresa tem dedicado esta unidade à maternidade de peixes planos, que produz juvenis de pregado e juvenis de linguado.
Nesta maternidade foi construída uma pré-engorda onde foi possível começar a engordar, na prática, linguado com capacidade de produção de 20 toneladas de linguado por ano.
“Entretanto construímos também nesta fase 2 [unidade dois], que está inativa para pregado, uma pequena unidade piloto para engorda de linguado novamente, mas em vez de serem as 20 toneladas serão as 200 toneladas/ano”, sublinhou, Renata Serradeiro.
Este investimento, de cerca de 5,5 milhões de euros, nesta unidade piloto, de maiores dimensões que a primeira, entrou em funcionamento em janeiro com os primeiros peixes.
“Esperamos, a partir de 2024, começar a entregar linguado no mercado produzido nesta nova unidade, que tem capacidade para 200 toneladas/ano”, acrescentou.
Em simultâneo, a empresa investiu em sistemas de recirculação de água, na unidade dois, com o propósito de aumentar a capacidade de produção de juvenis de pregado.
Um desses sistemas entrou em funcionamento em 2022 e o outro vai começar a funcionar este ano.
“São investimentos que temos feito em sistemas de recirculação de água, que não estão dependentes da reconstrução do emissário de captação e que nos permitem tirar partido da infraestrutura que temos”, notou.
A Flatlantic instalou, entretanto, 6.496 painéis solares de 535 megawatts de potência nominal cada, num investimento total de 1,9 milhões, no âmbito de um projeto de eficiência energética.
Esta instalação, a funcionar há cerca de um mês, vai produzir, em média, 5,61 gigawatts de energia por ano, assegurando cerca de 30% do consumo anual de energia elétrica.
Outro dos investimentos tem a ver com digitalização e a eficiência energética, no valor de 1,5 milhão de euros, com nomeadamente, a substituição de caldeiras a gasóleo por uma bombas de calor elétricas, assim como a instalação de sistema de controlo para a monitorização permanentemente os caudais da rede de distribuição de água.
Ambos os projetos foram submetidos e apoiados pelo PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
A empresa de aquacultura, que emprega atualmente 191 trabalhadores, teve em 2021 um volume de negócios de 29 milhões de euros, valor que aumentou para 31 milhões de euros em 2022.