Arouca acompanha condenados e suspeitos de violência doméstica para evitar reincidências

Cidadãos de Arouca condenados ou suspeitos de violência doméstica e outros comportamentos agressivos estão a ser acompanhados por uma equipa de apoio psicossocial apostada em corrigir a sua conduta, revelou hoje essa autarquia do distrito de Aveiro.

A estratégia consta do Programa de Intervenção com Pessoas Agressoras (PICA), para o qual a Câmara Municipal de Arouca dispõe de 72.000 euros do pacote de verbas que o Programa de Recuperação e Resiliência reservou para apoio às comunidades desfavorecidas da região sul da Área Metropolitana do Porto.

“Trata-se de um projeto de acompanhamento individual que pretende que estas pessoas reconheçam o seu comportamento agressivo, adotem estratégias para o alterar e percebam a importância da igualdade de género. É uma estratégia de responsabilização pessoal que os levará a refletir sobre as causas do seu comportamento violento, identificando os aspetos sociais e culturais que estiveram na sua origem”, declara à Agência Lusa fonte oficial do município.

O universo abrangido pelo projeto PICA envolve 34 cidadãos “condenados ou arguidos e a cumprir injunções” por violência doméstica ou outro tipo de agressão. Dessa amostra, a maioria dos indivíduos está empregada e, em segunda escala, reformada.

O número de utentes do programa pode aumentar de acordo com novos casos que venham a ser sinalizados pela rede social do concelho, mas até final de 2025 o objetivo do PICA continua a ser o de assegurar a todos os envolvidos acompanhamento psicológico regular e especializado, sobretudo ao nível da violência doméstica.

Desenvolvido em parceria com a Associação A4 – Acolher, Aceitar, Agir, Adaptar, o trabalho visa consciencializar esses indivíduos quanto ao problema e dotá-los “com estratégias de ‘coping’” que os ajudem a lidar com o que aciona a sua violência, do que se espera maior eficácia no tratamento e reabilitação.

“O que se pretende é a diminuição da reincidência, quebrando o ciclo de violência e pondo fim à continuidade de relações abusivas. Isso vai prevenir futuros casos de violência doméstica e também ajudará a proteger grupos vulneráveis, como as vítimas, crianças e suas famílias”, explica a fonte da autarquia.

O município de Arouca tem cerca de 22.400 habitantes numa área de 329 quilómetros quadrados, 85% dos quais de terreno classificado como florestal. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2022 as autoridades policiais registaram nesse território 47 crimes de violência doméstica contra cônjuge ou análogo.