Freguesia lisboeta de Alcântara prepara-se para a depressão Aline

Na freguesia de Alcântara, em Lisboa, foram limpas sarjetas e distribuídos sacos de areia a comerciantes e moradores de zonas mais afetadas pelas cheias, à espera da depressão Aline, na quinta-feira, disse hoje o presidente da junta.

“Fizemos uma limpeza de sarjetas e sumidouros, se bem que uma limpeza superficial, porque os coletores não são tratados por nós, e alguns bem precisam de ser reparados”, afirmou Davide Amado (PS), presidente da Junta de Freguesia de Alcântara.

O autarca acrescentou que a junta também promoveu “ações de sensibilização, colocando informação junto de zonas que costumam ficar completamente alagadas”, para que evitem estacionar viaturas em determinadas áreas de maior risco, uma vez que se prevê entre as 21:00 de hoje e durante quinta-feira “uma precipitação elevada nesta zona da Grande Lisboa”.

“Junto do comércio temos vindo a alertá-los para esta situação, distribuímos novamente sacos de areia para quem entendeu, quer no comércio, quer em residências, nas zonas mais afetadas”, explicou Davide Amado.

A autarquia local também alertou a Câmara e a Polícia Municipal para “duas ruas da freguesia, que assim que começam a alagar têm de ser imediatamente cortadas, para evitar que os carros, autocarros e carros de bombeiros ao passarem criem autênticas ondas de um a dois metros, que vão para dentro de casa das pessoas e das lojas”, avançou.

Essas ruas mais sujeitas a alagamento são a Fradesso da Silveira e 1.º de Maio, entre o Calvário e a Rua Luís de Camões.

“Temos as nossas equipas em alerta a partir de agora para qualquer eventualidade, mas esperamos que estejam só em alerta e não seja necessário”, desabafou.

O autarca contou que, na terça-feira, passou o dia “a falar com todos os comerciantes das zonas mais afetadas o ano passado”, que “estão nas zonas mais sensíveis”, e “é notória uma grande ansiedade, uma grande preocupação em todos, porque o ano passado grande parte deles perderam os seus negócios”, de pequenas empresas a empresas familiares.

A chuva intensa e persistente que caiu em dezembro de 2022 provocou danos e prejuízos em vários pontos de país, incluindo em Lisboa, onde Alcântara foi das áreas mais afetadas, e em Algés, no concelho de Oeiras, onde morreu uma mulher.

O município de Lisboa reportou prejuízos de 38 milhões de euros e definiu apoios de cerca de três milhões de euros para famílias e atividades económicas.

Questionado se tiveram acesso aos apoios, Davide Amado responde que “algumas empresas sim, outras não” e que as “pessoas que sofreram danos nas suas habitações tiveram apoios irrisórios”, pois “a burocracia era tanta que os apoios tarde chegaram, e chegaram muito poucos”.

O autarca espera pela conclusão da “importante e complexa” obra dos dois túneis do plano de drenagem, que desviarão as águas da zona urbana da Amadora através de um coletor em Campolide, mas notou que “o plano de drenagem não são só estes dois túneis” e Alcântara precisa de outras “duas obras importantíssimas”, a requalificação de “todo o coletor da Rua Luís de Camões”, que recolhe a água da zona do Monsanto e da Ajuda, e do coletor da Fradesso da Silveira, que vai dar à João de Oliveira Miguens.

“Naturalmente que, quer a obra [do hospital] da CUF, quer a obra ao lado da LxFactory terão contribuído também para impermeabilização dos solos, mas estas duas obras são importantíssimas para melhorar a situação”, advogou.

Em relação à colaboração com outras entidades, Davide Amado salientou que o Serviço Municipal de Proteção Civil tem informado sobre as medidas a adotar e com, “quer a junta, quer a Polícia Municipal, quer os bombeiros, há uma articulação muito próxima”.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informou que a depressão Aline “irá atravessar o Atlântico em fase de cavamento, aproximando-se da região centro da costa ocidental de Portugal na manhã do dia 19, em deslocamento rápido para leste e transportando uma massa de ar muito quente, húmido e instável”.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recomendou hoje aos cidadãos que evitem deslocações desnecessárias na quinta-feira devido à previsão de chuva e vento forte, consequência da passagem da depressão Aline pelo continente.

O segundo comandante da ANEPC, Miguel Cruz, disse que o nível de prontidão do dispositivo vai subir de amarelo para laranja, o segundo mais elevado, a partir das 00:00 de quinta-feira.

A proteção civil alertou que, para hoje, está previsto que a chuva comece no norte e centro e que na quinta-feira se alastre a todo território continental.