Centenas de professores estão hoje junto ao parlamento em protesto contra um Orçamento do Estado que “se limita a gerir problemas”, alertando que as greves e protestos nas escolas poderão regressar após as eleições antecipadas.
Enquanto os deputados discutem e votam o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), professores e funcionários escolares ligados à Federação Nacional de Professores (Fenprof) e ao Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (Stop) protestam do lado de fora da Assembleia da República contra uma proposta que dizem não acolher as suas reivindicações.
“O OE que hoje é aprovado não dá resposta às questões dos professores, como é o caso do tempo de serviço congelado, e não só”, afirmou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em declarações à Lusa.
Mário Nogueira considerou que o diploma que será hoje votado “não é de investimento na Educação”, uma vez que o aumento da verba prevista é “apenas na ordem do valor da inflação”, ou seja, “limita-se a gerir os problemas durante mais um ano e não em investir na resolução dos problemas”.
O professor lembrou que os docentes não conseguiram aumentos salariais além dos 3% atribuídos à Administração Pública, continuam “a ser roubados no tempo de serviço” e “a ser vítimas de uma exploração inaceitável em relação aos horários de trabalho”.
Por isso, até às eleições legislativas, marcadas para 10 de março, a Fenprof vai promover reuniões e encontros com todos os partidos políticos para os “pressionar para que apresentem propostas”, senão “um dia destes as escolas irão deixar de ter professores”.
Também o Stop planeia auscultar e reunir-se com os partidos políticos e “pressionar para que nos programas esteja plasmado um compromisso sério de investimento na escola pública e de valorização de quem lá trabalha”, disse à Lusa o líder do sindicato, André Pestana.
Até 10 de março, as estruturas sindicais representativas de professores e restantes trabalhadores estarão focadas em conseguir promessas dos diferentes partidos, prevendo-se dias mais calmos nas escolas.
No entanto, André Pestana disse à Lusa que o sindicato está preparado para convocar paralisações locais ou regionais, caso surjam problemas “numa escola, num agrupamento ou num concelho”.
O Stop convocou uma greve nacional que começou há duas semanas e terminou hoje, mas André Pestana deixou um aviso: “Venha quem vier no Governo de 10 de março, se não for investido na educação e valorizado quem trabalha nas escolas nós iremos continuar a lutar”.