Bloco de Esquerda critica Câmara de Aveiro por escultura abaixo da ‘ponte-praça’

O Bloco de Esquerda (BE) criticou hoje a anunciada colocação pela Câmara de Aveiro de uma escultura junto à ria, no âmbito da requalificação da ‘ponte-praça’, “apenas desfrutável mediante pagamento”.

“Para o Bloco de Esquerda, esta requalificação é paradigmática da abordagem elitista à gestão do urbanismo e do espaço público que orienta o executivo municipal PSD/CDS”, considera aquele partido, em comunicado.

Segundo o BE de Aveiro, a peça artística planeada para adornar a ‘ponte-praça’, por virtude do seu posicionamento, será apenas desfrutável mediante o pagamento de uma viagem de barco moliceiro.

“Esta é uma obra de arte paga pelo erário público para ser vista em exclusivo pelo turismo que paga bilhete”, critica o partido.

O BE condena a opção “que segue uma lógica de privatização do espaço público” que deveria ser para “usufruto de todos e não para a sua privatização em proveito de poucos”.

“Esta requalificação insere-se numa visão mais alargada de construção urbana onde o investimento público é para benefício de alguns, no caso dos operadores turísticos”, acrescenta.

Para o BE, “tem sido essa mesma visão marcadamente ideológica que tem orientado as opções urbanísticas do executivo municipal PSD/CDS”.

A Câmara de Aveiro tem em finalização a requalificação do Rossio e da ‘ponte-praça’, projetando instalar no “óculo” da ponte uma escultura de Rui Chafes, para assinalar Aveiro como Capital Portuguesa da Cultura 2024.  

O conjunto escultórico, orçado em cerca de 350 mil euros, será uma estrutura de ferro que simboliza o mundo, colocado parcialmente abaixo da ‘ponte-praça’, à margem do canal da ria.

Aquando da apresentação da programação da Aveiro 2024, o presidente da autarquia, Ribau Esteves, anunciou que o escultor Rui Chafes foi escolhido para fazer uma obra de arte que “vai referenciar para a eternidade” o facto de a cidade ser Capital Portuguesa da Cultura e que será inaugurada no dia 10 de junho, quando se comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Trata-se de uma obra de arte que “simboliza o mundo em que vivemos, o mundo sem cantos, o mundo redondo que integra toda a gente, onde a luz passa”, disse Ribau Esteves, adiantando que a escultura ficará situada na rotunda das Pontes, no centro da cidade.