Ria Viva: Investimento de 90 Milhões de Euros na Ria de Aveiro Inclui Dragagem da Pateira de Fermentelos

A Ria de Aveiro, um dos mais valiosos patrimónios naturais de Portugal, prepara-se para uma transformação significativa com a criação da entidade “Ria Viva”. Este novo organismo, sucessor da Polis Litoral Ria de Aveiro, será responsável por investir cerca de 90 milhões de euros em projetos de valorização e sustentabilidade ambiental. Entre as ações previstas, destaca-se a tão aguardada dragagem da Pateira de Fermentelos, que terá início já no próximo ano.

A decisão de prolongar os investimentos na Ria de Aveiro foi consagrada no Orçamento do Estado para 2025, que prevê a extinção de todas as sociedades Polis até ao final do ano, com a exceção da Polis Litoral Ria de Aveiro. Este modelo permitirá continuar os esforços de requalificação de uma área vital para o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento da região.

A dragagem da Pateira de Fermentelos, o maior lago natural da Península Ibérica, é uma das principais intervenções programadas pela “Ria Viva”. Esta obra, há muito esperada pelas comunidades locais, irá resolver problemas de assoreamento, melhorar a qualidade da água e restaurar a capacidade hídrica da Pateira, permitindo um maior aproveitamento ambiental e turístico do local.

Joaquim Baptista, presidente do Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CI/CIRA), destacou a importância desta intervenção: “A dragagem da Pateira não é apenas um compromisso ambiental, mas também uma resposta às necessidades das populações que dependem deste recurso. É um marco essencial na valorização do maior espelho de água doce da Península Ibérica.”

A “Ria Viva” foi oficialmente aprovada na última assembleia geral da Polis Litoral Ria de Aveiro, realizada a 18 de novembro. Este novo modelo de gestão marca uma mudança estratégica, que inclui a expansão da área de intervenção para além da laguna e da Pateira de Fermentelos, abrangendo também os principais rios da região, como o Vouga, Águeda, Cértima e Levira, bem como a zona costeira atlântica.

Com a entrada do município de Anadia na área de atuação da “Ria Viva”, a abrangência geográfica do projeto estará totalmente alinhada com a jurisdição da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro. Este alinhamento permitirá uma gestão integrada e eficiente dos recursos naturais e territoriais.

O investimento global de 90 milhões de euros será financiado por um esforço conjunto entre o Governo, os municípios da região, fundos comunitários e o Fundo Ambiental. Este modelo de financiamento reflete o compromisso coletivo de transformar a Ria de Aveiro num exemplo de desenvolvimento sustentável, capaz de equilibrar a preservação ambiental com a dinamização económica.

Paralelamente à criação da “Ria Viva”, o Governo avançará com a extinção das restantes sociedades Polis. Das 22 sociedades inicialmente criadas no âmbito do programa Polis Cidades, sete encontram-se em fase de liquidação. Após o encerramento destas entidades, as competências sobre a orla costeira serão transferidas para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), assegurando a continuidade das ações de proteção e gestão ambiental.

A apresentação pública dos detalhes da operação “Ria Viva” está agendada para o início de 2025, numa sessão que reunirá as partes interessadas e a comunidade local. Entre as prioridades, além da dragagem da Pateira, destacam-se intervenções na proteção costeira, melhoria da navegabilidade da Ria e ações de conservação da biodiversidade.

Com a implementação da “Ria Viva” e a realização da dragagem da Pateira de Fermentelos, a região de Aveiro entra numa nova era de desenvolvimento sustentável. Este investimento robusto consolida a Ria de Aveiro como um modelo de inovação ambiental, ao mesmo tempo que reforça o seu papel como motor de crescimento económico e cultural.