Desenvolver ferramentas mais avançadas e económicas para o diagnóstico de esquizofrenia, melhorando a qualidade de vida dos doentes (e dos seus familiares), e otimizar as estratégias de tratamento e monitorização desta doença mental são os principais objetivos do projeto europeu VOLABIOS (Validation and Comparative Multi-Omics Benchmarking of Fluid-Derived Volatilomics Biomarkers for the Prevention and Early Detection of Schizophrenia), que reúne 18 parceiros de 11 países – incluindo a Universidade de Coimbra (UC) –, e acaba de receber um financiamento de oito milhões de euros no âmbito do programa Horizonte Europa.
O projeto de investigação arranca oficialmente a 1 de janeiro de 2025, com a ambição de revolucionar o diagnóstico precoce e o tratamento da esquizofrenia, doença mental crónica que afeta aproximadamente 1% da população mundial (cerca de 80 milhões de pessoas) e está entre as 15 principais causas de incapacidade a nível global, reduzindo a esperança de vida em 10-15 anos.
Da Universidade de Coimbra, participam no VOLABIOS equipas de investigação coordenadas por Bruno Manadas (Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC) e Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB)), por Nuno Madeira Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da UC, Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) e Unidade Local de Saúde de Coimbra) e por Joel Arrais (Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC)).
Ao longo dos quatro anos e meio de duração do projeto, os investigadores deste consórcio multidisciplinar vão atuar em dois planos distintos: por um lado, estudando a mecânica molecular da esquizofrenia; e, por outro, utilizando novas tecnologias para facilitar o diagnóstico precoce da doença. Envolvendo diferentes abordagens científicas e integrando ferramentas da espectrometria móvel e inteligência artificial, os investigadores esperam que seja possível “a identificação precisa e rápida de sinais químicos e bioquímicos que servem como biomarcadores para a esquizofrenia, melhorando a precisão do diagnóstico, reduzindo os prazos e abrindo caminho para intervenções mais precoces, uma compreensão mais profunda da doença e melhores resultados para os doentes”.
O projeto será desenvolvido em múltiplas etapas, que vão da análise retrospetiva de 9 milhões de registos médicos ao estudo clínico de mais de 3000 doentes (de seis centros médicos de toda a Europa), que serão monitorizados regularmente durante um período de 18 a 36 meses, para avaliar alterações e validar os resultados.
A investigação realizada na Universidade de Coimbra vai centrar-se particularmente “no recrutamento de doentes para o estudo, assim como na partilha de resultados de proteómica (perfis proteicos em larga escala) no contexto de primeiro episódio psicótico”, explica Bruno Manadas, investigador do CNC-UC.
Em 2029, na conclusão do projeto VOLABIOS, “esperamos apoiar o diagnóstico precoce da esquizofrenia com base em informação molecular, utilizando um painel de biomarcadores que possa ser aplicado com recurso a diferentes tecnologias e inteligência artificial”, conclui o investigador.