A unidade funcional de Montemor-o-Velho da APPACDM Coimbra iniciou um projeto de reciclagem de papel usado, produzindo papel novo através do método artesanal. O papel usado é recolhido nos concelhos de Montemor e Coimbra, prevendo-se que esta fase do processo venha a ser alargada e diversificada.
Para já, tem sido produzidos blocos, cadernos e, a propósito do Dia dos Namorados, Vales do Amor. Podem ser feitos muitos mais formatos, a imaginação é o limite, e existe mesmo um projeto cultural, submetido à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro que, caso seja aprovado, a APPACDM Coimbra irá produzir 1200 folhas de sala.

Além do valor ecológico, este projeto é uma forma de a pessoa com deficiência intelectual expressar a sua criatividade, capacidade de realização e relevância na sociedade. Ao mesmo tempo, o potencial de gerar receitas beneficia a instituição e os seus utentes.
“Além de estimular a imaginação e a habilidade manual, os nossos clientes sentem-se úteis e participantes na criação de uma sociedade melhor, com mais respeito pelo ambiente, sendo reconhecidos como tal, o que é muito importante”, destaca Helena Albuquerque, presidente da APPACDM Coimbra. “Esta é uma atividade de inclusão na sociedade que é o que nós tanto queremos, que eles se incluam, que participem e, neste caso, com a vantagem adicional de preservarem o ambiente”, refere.
Jorge Valente, criador do Centro de Artes do Papel e membro da direção da APPACDM Coimbra, explica que “um dos objetivos deste projeto é divulgar a produção artesanal de papel, que é algo que está um bocadinho esquecido em Portugal. É uma técnica antiga, com dois mil anos, mas que por cá nunca teve muita adesão; o processo industrial sim”.
O responsável técnico deste projeto na APPACDM Coimbra adianta que o polo de Montemor-o-Velho está disponível para receber papel usado de quem estiver disponível para o entregar na unidade e revela aquelas que podem ser as próximas etapas. “O objetivo, a médio prazo, é introduzirmos outros materiais. Tudo o que é planta permite fazer papel e a planta de arroz, que é típica do Baixo Mondego, pode ser utilizada.”

As possibilidades abrangem até materiais menos prováveis. “Mais tarde, inclusivamente, tecidos velhos de algodão e linho. São as duas únicas fibras que podem ser transformadas em papel; também são passíveis de serem recicladas”, aponta.
Já a venda dos produtos finais acontecerá através dos canais da APPACDM Coimbra, estando também no horizonte estabelecer parcerias com redes de lojas dedicadas ao artesanato.