Trabalhadores da Aquinos Bedding Poland denunciam salários em atraso

Mais de 300 trabalhadores da Aquinos Bedding Poland, empresa detida pelo Grupo Aquinos, com sede em Tábua, denunciam o não pagamento dos salários relativos ao mês de abril. A nossa redação confirmou a situação com base numa notícia avançada pelo Notícias de Coimbra, que cita também a Rádio Eska, da Polónia.

Desde janeiro que os funcionários enfrentam um cenário de incerteza, com muitos a serem colocados em regime de “stand by” — sem funções atribuídas, mas obrigados a estar contactáveis por telefone — recebendo apenas 80% da sua remuneração habitual. Além disso, a empresa tem vindo a despedir cerca de 10% dos trabalhadores todos os meses, numa alegada tentativa de evitar as implicações legais associadas a despedimentos coletivos, conforme previsto na legislação polaca.

“Estamos a ser tratados como descartáveis. Trabalhámos anos para esta empresa e agora sentimo-nos abandonados”, referem alguns colaboradores em declarações à imprensa polaca.

A 21 de maio, os trabalhadores concentraram-se em protesto junto às instalações da empresa, exigindo respostas e os salários em atraso. Foi-lhes prometido um pagamento parcial ainda durante esta semana, ficando o restante valor por regularizar até 10 de junho.

O diretor da empresa, Michał Pietruszewski, confirmou a existência de valores em falta, justificando a situação com um atraso na conclusão de uma operação estratégica de venda de ativos na Bélgica, conforme comunicado interno recebido da sede do Grupo Aquinos, em Tábua.

Em resposta ao Notícias de Coimbra, o Grupo Aquinos esclareceu que a unidade polaca — antiga Recticel Bedding Polonia, adquirida há quatro anos — é fortemente dependente do mercado alemão, atualmente em recessão, sobretudo desde a guerra na Ucrânia, o que afetou significativamente setores como o automóvel.

A administração do grupo justifica ainda que “a retração do consumo na Alemanha, devido à elevada inflação, tem impactado gravemente as exportações”, o que levou à necessidade de “sucessivas reestruturações operativas” e a uma adaptação a uma “nova realidade comercial”.

Apesar das dificuldades, o Grupo Aquinos assegura estar a preparar “um programa de revitalização com medidas extraordinárias” que visam garantir a continuidade da operação e responder às exigências do momento.

A situação foi já reportada à Inspeção Nacional do Trabalho da Polónia pelos sindicatos locais, que exigem intervenção urgente para salvaguarda dos direitos dos trabalhadores.

Foto: Aquinos Bedding Polska / fot. NSZZ “S” Region Ziemia Łódzka