S. João da Madeira | Exposição “Terra Inesgotável” abriu ao público no Museu do Calçado

Peças patentes refletem uma proposta de diálogo entre inovação e tradição, evidenciando o potencial transformador do design enquanto agente de mediação cultural, social e económica.

 A curadoria é de Pedro Carvalho de Almeida, do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, em parceria com o designer Abhishek Chatterjee.

A exposição “Terra Inesgotável” abriu ao público no Museu do Calçado, no último sábado, propondo uma reflexão sobre a riqueza do património têxtil artesanal em Portugal e na lusofonia, através do design de calçado. Com curadoria de Pedro Carvalho de Almeida, do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, em parceria com o designer Abhishek Chatterjee – ambos presentes na inauguração -, esta mostra apresenta uma retrospetiva do seu trabalho nos últimos 10 anos (2015–2025), centrado na relação entre o desenvolvimento experimental de calçado e a regeneração de culturas de produção artesanais autóctones.

No fundo, as peças incluídas nesta exposição celebram o saber-fazer ancestral e a diversidade de matérias-primas naturais, locais e sustentáveis, trabalhadas segundo técnicas tradicionais. Para o presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira, que esteve presente na inauguração, Terra Inesgotável” ganha especial significado por acontecer “numa cidade cuja identidade está intimamente ligada à indústria do calçado”, contribuindo para “alargar a compreensão deste setor, cruzando inovação, cultura e sustentabilidade”. 

Com título retirado da obra “Viagem a Portugal”, de José Saramago, “Terra Inesgotável” parte de um conjunto selecionado de práticas têxteis de diferentes regiões do país, a exposição estabelece pontes com a lusofonia, dando visibilidade a expressões originárias da Guiné-Bissau, de Timor-Leste ou de Moçambique. 

Trata-se da primeira exposição do Museu do Calçado com uma curadoria externa, como referiu a diretora da instituição, Sara Paiva, o que contribui para “um panorama bastante diverso” no quadro do que têm sido o das propostas anteriormente apresentadas neste equipamento cultural do Município de S. João da Madeira. “Estamos felicíssimos com os resultados obtidos”, concluiu a responsável.   

A terra de que fala a exposição agora inaugurada – mostra que ficará patente até ao próximo dia 19 de outubro – é “a terra da imagem, da materialidade e da cultura”, como sintetizou o respectivo curador, Pedro Carvalho de Almeida, acrescentando que é ainda um lugar de “pensamento crítico, colaborativo e explorativo”, com uma “natureza profundamente processual e generativa”. 

A abertura ao público de “Terra Inesgotável” ficou também marcada pelo lançamento do respetivo catálogo, um trabalho da designer Débora Pinguinha, com importante conteúdo informativo e profusamente ilustrado com fotografias alusivas ao projeto e às peças expostas.

Nesta publicação, fica bem patente o leque alargado de colaborações registadas neste âmbito e que foram realçadas pelos diversos intervenientes na sessão de inauguração. Nota ainda para a revelação, feita pela diretora do Museu do Calçado, de que um dos pares de sapatos em exposição será doado à instituição.