Universidade de Coimbra atribui Doutoramento Honoris Causa a Hartmut Neven

Hartmut Neven, Vice-Presidente de Engenharia da Google e reputado investigador científico na área da computação quântica, vai receber o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra (UC), na próxima quarta-feira, dia 18. A cerimónia decorre a partir das 10h30, na Sala Grande dos Atos (Sala dos Capelos).

Paulo Marques, cofundador e administrador da empresa tecnológica Feedzai, será o Padrinho (Apresentante), estando os elogios a cargo de Constança Providência (elogio do Doutorando) e de Gabriel Falcão (elogio do Padrinho). Ambos são docentes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), que propôs a atribuição do Doutoramento Honoris Causa ao cientista alemão-americano.

“Hartmut Neven é um cientista de elevada reputação e projeção mundial. Para além do reconhecimento do elevado mérito científico em várias áreas da FCTUC, esta nomeação está alinhada com a estratégia de criação de parcerias e fortalecimento da iniciativa de computação quântica da Universidade de Coimbra”, refere a proposta da Faculdade de atribuição do Grau ao investigador, que lidera o Quantum Artificial Intelligence Lab da Google e foi o criador da “Lei de Neven” (que demonstra a viabilidade da computação quântica).

Sobre o homenageado:

Hartmut Neven é vice-presidente de engenharia da Google e diretor do laboratório de Inteligência Artificial Quântica da mesma empresa (Google Quantum AI), que fundou em 2012. Foi Neven quem cunhou os termos “Quantum Machine Learning” e “Quantum AI” e, em 2007, implementou os primeiros algoritmos de aprendizagem automática e reconhecimento de imagem num computador quântico.

Em 2019, a equipa do Quantum AI fez história ao demonstrar que um computador quântico consegue resolver um problema computacional intratável para computadores clássicos. As suas equipas foram também as primeiras a instanciar fisicamente cristais de tempo, anyons não abelianos e wormholes transitáveis utilizando um processador quântico.

Neven fundou duas empresas de visão computacional, tendo uma delas sido adquirida pela Google em 2006. A sua empresa, Neven Vision, alcançou vários marcos pioneiros ao lançar a autenticação facial, os filtros de rosto e a pesquisa visual para telemóveis. Na Google, liderou a equipa de Pesquisa Visual e foi cofundador do Project Glass, tendo desenvolvido o primeiro protótipo em 2011. O seu trabalho foi reconhecido e premiado em competições internacionais de reconhecimento visual.

O investigador estudou Física e Economia no Brasil, em Colónia, Paris, Tübingen e Jerusalém, tendo obtido o doutoramento em 1996, com foco em robôs móveis autónomos e carros autónomos. Os seus interesses de investigação cruzam frequentemente fronteiras científicas e filosóficas, muito antes destas se tornarem populares.

Em 1992, escreveu uma dissertação de mestrado sobre dinâmica neuronal para reconhecimento de objetos e, em 2003, patenteou uma técnica para análise de imagens captadas por telemóveis com recurso a redes neuronais. Em 2012, a sua equipa criou o conceito de imagens adversariais, que viria a abrir caminho para a arte deep dream.

Em 2014, começou a explorar a biologia quântica, criando neurotransmissores e substâncias psicadélicas com recurso a isótopos e quantificando os seus efeitos nos neurorreceptores. Mais recentemente, lançou um projeto de investigação em colaboração com especialistas do meio académico, com o objetivo de testar experimentalmente a hipótese de que os processos quânticos poderão estar na origem da experiência consciente.

Em 2024 a equipa liderada por Hartmut Neven na Google desenvolveu um microprocessador quântico, chamado Willow, que, apoiado por tecnologia de correções de erros, executa em menos de cinco minutos programas que demorariam um dia a processar no computador convencional mais rápido atualmente existente.     

A revista Fast Company reconheceu Hartmut Neven como uma das pessoas mais criativas do mundo.