Uma refugiada iraniana, a estudar na Universidade Católica Portuguesa (UCP), contou hoje perante o Papa Francisco, em Lisboa, que depois de ter “ficado sem teto, família e amigos”, está orgulhosa de “ter recomeçado uma nova vida” em Portugal.
“Sinto-me orgulhosa de estar aqui, num novo recomeço neste país tão belo e acolhedor”, disse Mahoor Kaffashian num palco montado nesta universidade, onde ao centro estava, atento, o Papa.
A estudar na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional de Viseu desde setembro de 2022, a jovem de 25 anos assumiu que, depois do sentimento da ausência de um lar, da família e dos amigos, tem “a força, a fé e a coragem para seguir em frente”.
“Refugiada, inicialmente deslocada do meu próprio país, o Irão, para a Ucrânia, onde uma guerra real me fez sentir sobrevivente. Acima de tudo sou crente e devo o meu olhar de esperança sobre o futuro à extraordinária equipa da Universidade Católica: cuidou e cuidará de mim no contexto do Fundo de Apoio Social Papa Francisco”, assumiu.
Falando em português, Mahoor Kaffashian contou que, se no ano passado lhe tivessem dito que era uma pessoa muito forte, provavelmente não teria acreditado. Mas hoje acredita.
O Papa Francisco, que começou hoje o seu segundo dia em Portugal para presidir à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), chegou à Católica para uma cerimónia ao ar livre pouco passavam das 09:00, onde foi recebido com palmas e gritos “Esta é a juventude do Papa”.
Da reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Isabel Capeloa Gil, Francisco recebeu a escultura ‘Senhora com Livro’, do escultor Manuel Rosa.
De Beatriz Ataíde, uma das quatro estudantes da Católica que prestaram o seu testemunho perante os milhares de presentes, entre os quais o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Papa ouviu agradecimentos por “encetar os jovens por caminhos novos, por provocar a reflexão, por os escutar, por os responsabilizar e por os encorajar”.
Também Tomás Virtuoso, de 29 anos, natural de Lisboa, agradeceu ao Papa por convidar os jovens a serem “verdadeiros adoradores de Deus e, com isso, a viver com sabedoria, pensar em profundidade e amar com generosidade”.
Já Mariana Craveiro, de 21 anos, disse ao Papa querer “ser protagonista da mudança e não jovem à janela que vê o mundo a passar”.
Licenciada em Psicologia, esta jovem referiu tencionar aplicar profissionalmente o que aprendeu para chegar “aos mais vulneráveis e ajudar a escrever novas histórias”.
Antes de se retirar do palco, o Papa Francisco abençoou a primeira pedra do Campus Veritati da Universidade Católica Portuguesa e rezou o Pai Nosso, acenando aos milhares de presentes que aplaudiam de pé e gritavam “Papa Francisco”.
Depois deste encontro com jovens estudantes, Francisco seguiu para Cascais para um encontro com jovens do Scholas Occurentes, um programa educacional que criou ainda enquanto arcebispo de Buenos Aires.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa até domingo para a JMJ, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica e que conta com a presença do Papa Francisco.