A greve de professores e pessoal não docente que começou hoje nas escolas está a ter pouco impacto nas oito escolas da zona de Lisboa visitadas hoje pela Lusa.
A Lusa contactou hoje de manhã professores, pais e alunos de uma dezena de escolas de todos os níveis de ensino e em apenas um dos estabelecimentos se sentiu, ao início da manhã, os efeitos da paralisação convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop).
Na Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca, os alunos do 10.º ano chegaram de manhã à escola e deram com os portões fechados. “Havia concentração à porta e disseram aos miúdos para voltarem à escola às 11:50 porque, supostamente, iria abrir a essa hora”, contou à Lusa a mãe de uma aluna.
Já na cidade de Lisboa as aulas não foram afetadas pela greve nas oito escolas que a Lusa contactou.
Na secundária Rainha Dona Leonor, no bairro de Alvalade, as aulas decorreram com normalidade durante a manhã, contou à Lusa uma funcionária da portaria. Ali perto, na Padre António Vieira, o ambiente também era o de um dia de aulas habitual.
Pouco depois do toque de entrada, às 08:40, já só estavam do lado de fora do portão da Padre António Vieira algumas funcionárias e dois adolescentes a fumar. “Aqui também não costumam aderir, porque são todos professores mais velhos e os mais novitos é que fazem as greves”, disse uma assistente operacional daquela escola do bairro de Alvalade.
A poucos metros de distância, na Escola Básica São João de Brito, uma folha A4 no portão alertava “todos os encarregados de educação que na semana de 18 a 22 de setembro de 2024 decorrerá uma greve de pessoal docente e não docente”.
Só às 09:00, pais e alunos souberam como iria ser o dia: Ao som do toque de entrada, uma funcionaria saiu do edifício principal, abriu os portões. “Hoje estão todos os professores. Sobre o dia de amanhã, não podemos garantir nada”, contou à Lusa.
Na Marquesa de Alorna, o cenário repetiu-se entre os alunos do 5.º ano, para quem a maior ansiedade poderá ser a mudança de escola.
Na Básica São João de Deus, as aulas também não foram afetadas pela convocação da greve, contou à Lusa o pai de uma das alunas do 4.º ano, acrescentando que a irmã, que está no 10º ano do Liceu D. Filipa de Lencastre, só iria ter aulas à tarde, mas “de manhã, o ambiente era de normalidade”.
A Lusa falou com uma professora do agrupamento D. Filipa de Lencastre que defendeu que “as reivindicações são mais que justas, mas este não é o momento”.
Entre as principais exigências está a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço congelado, que levou a que o passado ano letivo fosse marcado por greves constantes.
No bairro de Benfica, as histórias são semelhantes. A Escola Secundária José Gomes Ferreira abriu hoje as portas e os alunos tiveram praticamente todas as aulas, assim como na Escola Pedro Santarém, contaram à Lusa encarregadas de educação de alunas daquelas duas escolas.
No agrupamento de Miraflores, os professores também não aderiram ao protesto, mas os pais recusam a palavra “dia normal de aulas”, uma vez que faltam professores na escola, contou à Lusa uma mãe cuja filha começa as aulas sem quatro professores.
Em declarações à Lusa, André Pestana do Stop, admitiu a baixa adesão em escolas de Lisboa e do Porto porque “a maior parte das pessoas que adere não é do centro das grandes cidades”.
André Pestana disse que pelas 16:00 ainda não era possível fazer um balanço nacional da adesão à greve, exemplificando casos de escolas que estiveram fechadas em Alverca (Lisboa), Setúbal, Barreiro (Setúbal) ou no Agrupamento de Escolas de São Teotónio (Odemira).
Cerca de 1,3 milhões de alunos começaram hoje a sua primeira semana de aulas, a data escolhida pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) para mais uma paralisação a exigir a recuperação do tempo de serviço, mas também mais assistentes técnicos e operacionais nas escolas e melhores condições de trabalho.
Está também em curso uma greve ao sobretrabalho, às horas extraordinárias e à componente não letiva convocada pela plataforma de nove organizações sindicais que inclui a Fenprof e a Federação Nacional da Educação (FNE).