A primeira Casa da Cidadania da Língua é inaugurada no dia 12, em Coimbra, no espaço que durante mais de dez anos se chamou Casa da Escrita, propondo para 2024 residências artísticas, cursos, exposições e debates, entre outras iniciativas.
No espaço municipal que durante 13 anos foi a Casa da Escrita, arranca no dia 12 a primeira Casa da Cidadania da Língua, que deverá ter também no futuro instalações em Belo Horizonte e São Paulo, no Brasil, disse à agência Lusa José Manuel Diogo, presidente da Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA), que irá programar aquela infraestrutura cultural.
Ao longo dos próximos dois anos, o responsável e a restante equipa curatorial propõem-se a desenvolver ciclos de debates, exposições, lançamento de livros, residências artísticas, cursos e outras iniciativas na casa que foi do escritor João José Cochofel.
Na equipa curadora da casa, que José Manuel Diogo integra, estará presente o antigo diretor da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa Carlos Moura-Carvalho, o chefe de Divisão da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Rafael Nascimento, a docente do Politécnico de Leiria Célia Sousa, a poeta brasileira Luiza Romão, que venceu o prémio Jabuti 2022, e o gestor cultural brasileiro André Augustus Diaz.
Em declarações à agência Lusa, José Manuel Diogo, com carreira na área da comunicação, afirmou que vê a Casa da Cidadania da Língua como um lugar agregador, onde se possa falar, pensar e discutir coisas, apresentando personalidades relevantes, entre escritores, artistas, políticos e diplomatas, entre outros.
Na segunda-feira, a CMC aprovou o protocolo que prevê que o município suporte até 75 mil euros das despesas anuais na Casa da Cidadania da Língua.
José Manuel Diogo esclareceu que a APBRA não irá receber qualquer valor por parte da CMC, podendo surgir receitas para a associação através de patrocinadores e de outros projetos associados à Casa da Cidadania da Língua.
O responsável referiu que tudo o que for feito na Casa da Cidadania da Língua “tem de ser gratuito”, mas antevê a possibilidade de eventos pagos noutros espaços da cidade, para os quais a APBRA poderá apresentar propostas, nomeadamente exposições de grande dimensão no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova ou concertos no Convento São Francisco.
O presidente da APBRA olha também com muita atenção para a “hipótese de Coimbra poder ter ambição de ter um dos festivais literários de língua portuguesa de referência”, assumindo a vontade de fazer esse festival, apesar de não ser algo que esteja previsto acontecer nos próximos dois anos.
Sobre a possibilidade de se olhar “para outros equipamentos da cidade”, José Manuel Diogo apontou para a Casa-Museu Miguel Torga, equipamento “sem atividade”, considerando que “Miguel Torga é uma marca extraordinária”.
Questionado sobre o que pode ficar para a cidade da programação dos próximos dois anos, o responsável sublinhou que trará “mais empresas, mais investimento, mais reputação e mais visibilidade” para Coimbra.
Questionado sobre as críticas ao protocolo, José Manuel Diogo mostrou-se também aberto a falar com os partidos que criticaram o acordo.
“O que é certo é que este era um espaço municipal que estava aberto e não vinha cá ninguém”, notou, esperando poder fazer “com que essas desconfianças paulatinamente desapareçam”.
Sobre as críticas que apontam para o facto de o presidente da assembleia geral da APBRA ser o ex-reitor da Universidade de Coimbra e irmão do presidente da Câmara, João Gabriel Silva, o responsável referiu que “são injustas”.
Recordando que, enquanto reitor, João Gabriel foi condecorado com a Ordem do Rio Branco pelo Governo brasileiro, o presidente da APBRA aclarou que o ex-reitor “não tem nenhum papel na associação a não ser convocar as assembleias gerais”.
“No dia 12, venham perceber o que pode significar para a cidade esta capacidade de convocar escritores, artistas, políticos e diplomatas”, desafiou José Manuel Diogo.