A Câmara Municipal de Vale de Cambra definiu para 2024 um orçamento de 26,2 milhões de euros, o que, representando mais de 4,8 milhões face a 2023, foi hoje classificado pela oposição como mera gestão corrente e “embalsamada”.
O documento foi aprovado pela maioria CDS-PP, que lidera esse executivo do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, mas teve os votos contra do vereador do PS e outro do PSD.
Fonte oficial da câmara realçou à Lusa que o referido orçamento “mantém a política de não aumento de impostos, preservando as taxas do ano transato”, e foca-se na redução dos compromissos bancários assumidos pelo município, que “atualmente tem uma dívida de longo prazo na ordem dos 7,4 milhões de euros” e estima conseguir em 2024 “uma amortização de cerca de 783 mil”.
Ainda no que se refere a liquidação de compromissos, o prazo médio de pagamento a fornecedores estava, no final do terceiro trimestre, em 15 dias.
Quanto às principais obras previstas para 2024, a mesma fonte do Executivo liderado por José Pinheiro adianta: “Destacam-se investimentos de mais de dois milhões de euros na Estratégia Local de Habitação, 1,2 milhões para o Programa de Apoio às Comunidades Desfavorecidas, 1,3 milhões para intervenção em edifícios dedicados à saúde, 815 mil euros para melhoria da infraestrutura de transporte público e 636 mil para requalificação do bar da Praia Fluvial de Burgães”.
O vereador socialista Tiago Fernandes afirma que, à medida do que já acontecera nas propostas para 2023, o novo orçamento do CDS reflete uma visão de “gestão corrente e total ausência de investimento”.
Em declarações à Lusa, esse autarca do concelho com cerca de 26 mil habitantes dispersos por 147,3 quilómetros quadrados, refere: “Nem em final de mandato se consegue almejar algo mais. Assim, fica Vale de Cambra embalsamada, à espera que o tempo passe, como se o simples passar do tempo significasse o que quer que seja. O progresso faz-se com investimento e com investimento que sai das tabelas para o terreno, mas, por cá, nem nas tabelas sai”.
O vereador do PSD Frederico Martins também votou contra o documento e justifica-o com o enquadramento em que esse foi apresentado.
“Atendendo ao contexto de instabilidade política nacional e internacional, com as tensões geopolíticas a agravarem-se, com guerra na Europa e Médio Oriente, com situações de instabilidade e incerteza nos mercados económicos, o orçamento local demonstra um enquadramento alinhado com a política e gestão municipal quase do dia-a-dia”, explica.
O mesmo autarca acrescenta que, apesar de vários alertas do PSD já em 2022, nomeadamente quanto a rubricas afetas a pessoal, o documento que regulará a atividade da Câmara no próximo ano continua a refletir “um município com sobrecarga efetiva orçamental no que toca a responsabilidades e esperando que as receitas futuras sejam suficientes para suprir as mesmas”.