Prémio João da Silva Correia distingue original sobre “a vida e o sentir das mulheres”.
“Gineceu” é a obra vencedora da edição de 2024 do Prémio Literário João da Silva Correia, promovido pela Câmara Municipal de S. João da Madeira e dedicado à poesia.
A decisão foi tomada por unanimidade pelo júri do concurso, constituído pelo diplomata e escritor Luís Castro Mendes – Ministro da Cultura entre abril de 2016 a outubro de 2018 –, o poeta José Fanha, que é um dos comissários do Festival Poesia à Mesa, e António Baptista Lopes, da editora Âncora, com quem o Município de S. João da Madeira mantém uma parceria na edição dos livros do Prémio João da Silva Correia.
Depois de analisadas as propostas a concurso, o júri decidiu premiar “Gineceu”, considerando que se trata “de um livro com rigor e coerência na força da sua linguagem poética” e que “alude a temas feministas bem atuais.”
“Gineceu” é da autoria de Clara Andrade, nascida em 1962, em Aguiar da Beira, distrito da Guarda, entre as Serra da Lapa e da Estrela, nas “terras do demo” do Aquilino, no lugar antigo de Beira (deusa pagã e senhora do inverno). Vive e trabalha no Algarve desde 1988. Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e frequenta o mestrado em Ciência da Informação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi professora do ensino secundário e é atualmente responsável pela Biblioteca Municipal de Lagoa.
Conta com vários prémios no seu percurso literário. Obteve o primeiro prémio no Concurso Escrita Criativa Poeta António Aleixo com o conto E sobre tudo Camélias (2021), publicado numa antologia pela editora Onyva e menções honrosas no Prémio Literário Hernâni Cidade e no Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes. É coautora do livro Cinco anos de leituras partilhadas (2009), colaborou com trabalhos de poesia nas revistas Em Cena e Palavrar e com o conto “Rubi e o papagaio de papel” na antologia Novos Contos de Lagoa (2023). Areia (2023, Onyva) foi o seu primeiro livro de poesia.
Sobre a obra vencedora, a autora confessa que tem dificuldade em falar sobre o que escreve, mas adianta que “são quadros sobre a vida e o sentir das mulheres em diferentes tempos e contextos”. Acrescenta que são “talvez pequenas histórias encadeadas poeticamente e que no seu conjunto constituem uma única história, a das mulheres”.
Incentivar o aparecimento de novos valores
Nesta edição, em que os trabalhos foram submetidos, pela primeira vez, em formato digital, foram recebidos 215 originais de poesia, oriundos de diversas localidades de Portugal e de países como Brasil, Moçambique, Angola, França, Argentina, Estados Unidos, Itália, Alemanha e Espanha. O número de obras a concurso cresceu significativamente em relação aos anos anteriores.
O Prémio João da Silva Correia consubstancia-se na garantia da publicação da obra selecionada, mediante a comparticipação financeira, pela Câmara Municipal, nos custos da respetiva edição, até ao limite de 3.000 euros. A cerimónia de entrega do prémio ocorrerá com o lançamento do respetivo livro, em sessão pública, com data a divulgar oportunamente.
Constituindo uma homenagem a João da Silva Correia (1896-1973), jornalista e escritor sanjoanense, autor do romance “Unhas Negras”, este concurso literário realizado pela autarquia de S. João da Madeira – e operacionalizado pela Biblioteca Municipal Dr. Renato Araújo – visa promover a leitura e a escrita criativa, assim como incentivar o aparecimento de novos valores na literatura de língua portuguesa.