Num mundo em perfeita ebulição em termos ambientais, económicos e sociais, a sustentabilidade pode ser uma arma forte para debelar os desafios que se colocam às
empresas. Esta foi a grande tónica deixada pelos oradores presentes, esta quarta-feira, na
conferência “Desafios ESG: Impacto nos negócios e na sociedade”, organizada pelo
Município da Mealhada e pelo Jornal da Bairrada.
Com a participação de quatro reputados oradores, a conferência desafiou cerca de uma centena de empresários presentes para um olhar diferente em matéria de ESG (ambiente, social e governança), onde a receita da sustentabilidade apareceu como grande profilaxia para combater as crises que o mundo assiste e que, nos últimos dias, têm causado apreensão nos mercados mundiais com as decisões da presidência norte americana.

“A sustentabilidade é uma maravilha, mas tem inimigos”, começou por advertir Eduardo Moura, gestor e diretor adjunto de sustentabilidade do Grupo EDP. Pegando nos anúncios sobre as taxas de Donald Trump, refere que “com tudo isto, a sustentabilidade sai mais reforçada que prejudicada, porque sabemos onde está o ‘inimigo’.
Vai haver muito efeito político, social e económico com esta nova política americana, mas a resposta para os desafios desta crise que se avizinha é a sustentabilidade”, disse, concluindo que “é muito importante juntarmos forças, partilhar experiências e desafios. Estar próximos das universidades e outros centros de conhecimento é importante para esta questão do ESG”.
Já antes, Tiago Carrilho, diretor de conhecimento e formação da BCSD, defendera ser necessário “simplificar a sustentabilidade”, frisando que “nunca tivemos tanto conhecimento.
Nunca fomos tão ricos em informação e conhecimento e sabemos o que temos que fazer”. Assunção Cristas, jurista e docente, esteve igualmente presente nesta iniciativa, embora à
distância, lembrando que os empresários portugueses estão atualmente “no tempo de parar para ver em relação ao grande pacote legislativo imposto às empresas”, com a intervenção da União Europeia no processo, no sentido de “não tornar excessivamente pesada a vida das PME” nos critérios ESG.
“Estamos num tempo desafiante, de alguma incerteza, mas acredito que estes desafios terão um retorno muito importante”, concluiu.
Alexandra de Almeida, consultora de gestão, terminou as intervenções alertando para as
alterações profundas que vivemos atualmente, a vários níveis, apontando mesmo que “o Mundo que conhecemos está a mudar” e defendendo que “apesar das incertezas correntes, não devemos olhar para tudo com receio, mas com olhos de oportunidade”.
Depois de um debate que juntou representantes de três empresas do concelho (Alves Bandeira, Transportes Pascoal e Godinho), sobre a implementação do ESG nas suas organizações, o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, falou dos resultados da aplicação deste processo nas empresas.

“O que nos motiva e inspira é que impacto de tudo isto na sociedade é profundo. Quando uma empresa se preocupa com o meio ambiente, toda a comunidade ganha.
Quando valoriza os seus colaboradores e promove a inclusão, ajuda a construir uma sociedade mais justa. E quando age com transparência, fortalece a confiança nas instituições”, disse, apontando que estes três eixos importantes “não devem ser encarados como uma moda.
O ESG não é uma moda passageira. É um caminho — com desafios, sim — mas também com grandes oportunidades de transformação”.