Um projeto liderado pelo Instituto Pedro Nunes (IPN), de Coimbra, está a desenvolver uma fachada modular capaz de produzir e armazenar energia solar, ao mesmo tempo que garante um isolamento energético altamente eficiente.
O projeto PowerSkin+, com um orçamento global de seis milhões de euros e apoio da Comissão Europeia, está a ser desenvolvido por um consórcio internacional de vários pontos da Europa e liderado pelo Instituto Pedro Nunes (IPN).
Propõe-se criar uma fachada daquilo que acreditam ser “o futuro dos edifícios”, disse à agência Lusa o coordenador do projeto, Jorge Corker.
Há cerca de 15 dias, a equipa instalou um protótipo na fachada de um dos edifícios do IPN, que será monitorizado e controlado ao longo de um ano para testar a sua eficácia, referiu o também investigador sénior no laboratório de materiais daquela instituição.
O projeto procura que a fachada assegure três valências: um isolamento térmico superior, produção integrada e autónoma de energia limpa com células fotovoltaicas instaladas e o armazenamento de energia, reutilizando baterias de lítio usadas em carros elétricos.
“Juntámos todas as inovações num único produto. É uma espécie de assemblagem holística naquilo que acreditamos ser o futuro dos edifícios”, vincou Jorge Corker.
No caso do isolamento térmico, cuja solução esteve a cargo do IPN, optou-se por desenvolver isolamento “com painéis em vácuo, que já existem no mercado, são altamente eficientes, mas muito caros e produzidos com materiais com uma pegada carbónica muito grande”.
Neste projeto, procurou-se reduzir “o preço dos painéis sem reduzir a performance, utilizando materiais a partir de resíduos de diferentes origens”, aclarou, referindo que a própria inovação está em processo de submissão de uma patente.
Já no caso da produção de energia solar, são usados painéis transparentes, que, no verão, permitem absorver qualquer calor e levá-lo para uma bomba de calor que permite aquecer as águas do edifício ou, no inverno, utilizar a radiação para otimizar a geração de calor dentro do edifício.
“A transição energética terá de se centrar nisto: tornar os edifícios mais isolados, com redução de perdas, a descarbonização do próprio consumo com produção de energia limpa e depois medidas de otimização do consumo elétrico dos edifícios”, realçou.
No projeto, participam entidades e empresas de países como Alemanha, República Checa, Polónia ou Itália.
Ao longo do projeto, será também avaliado o custo-benefício deste tipo de fachada modular, que apesar de poder ser aplicada em qualquer edifício, foi desenhada e criada a pensar em edifícios comerciais e escritórios.
“Não serão soluções baratas, mas acreditamos que poderá ser vantajoso com os ganhos de eficiência energética que os edifícios possam ter na sua operação”, salientou Jorge Corker.
Segundo o responsável, este tipo de solução tanto poderá ser aplicada em novas construções como na reabilitação de edifícios já existentes.