O diretor-geral do Património Cultural, João Carlos Santos, realçou hoje a importância histórica e arquitetónica do Colégio das Artes, em Coimbra, e admitiu uma requalificação por fases do edifício do século XVI.
Num primeiro momento, importa “haver uma visão global” das obras a realizar, que depois permita “fazer a intervenção de forma faseada ou não”, afirmou João Carlos Santos na apresentação do projeto de arquitetura de requalificação do Colégio das Artes.
“É um edifício que nos parece muito importante”, referiu, numa sessão promovida pelo Departamento de Arquitetura (DARQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC).
Citando José António Bandeirinha, professor catedrático e ex-diretor do DARQ, que pouco antes se referiu ao imóvel como “edifício adormecido”, o diretor-geral do Património Cultural lamentou que o antigo Real Colégio das Artes e Humanidades tenha sofrido igualmente, “durante muito tempo, de algumas insónias ou malfeitorias”.
Por outro lado, viveu “também bons sonhos”, revelando uma “adaptabilidade incrível” e uma “vida multifacetada” ao longo de quase 500 anos, segundo João Carlos Santos.
Por sua vez, o vice-reitor da UC para o Património, Edificado e Turismo, Alfredo Dias, defendeu que é necessário “continuar a trabalhar” para que a requalificação do Colégio das Artes, que alberga o DARQ, na Alta de Coimbra, possa ser realidade.
“Ninguém mais do que a Reitoria gostaria que fosse uma empreitada única e um processo único”, disse Alfredo Dias.
Na sua opinião, cabe à Universidade de Coimbra empenhar-se no processo “sem desperdiçar nada”, desde logo ao nível dos financiamentos.
“O desafio que temos pela frente é muito significativo. O Colégio das Artes é uma prioridade, mas não depende só da Reitoria”, ressalvou.
O processo para a requalificação do edifício foi iniciado em 2011, recordou, para salientar que, 12 anos depois, “estamos uns passos mais à frente”.
“O Colégio das Artes é uma marca tão forte da Universidade que merece estar equiparado à Biblioteca Joanina”, no Paço das Escolas, também construída no reinado de João III (1502-1557), preconizou, por sua vez, a historiadora de arte Maria de Lurdes Craveiro.
Para a também diretora do vizinho Museu Nacional de Machado de Castro, o Colégio das Artes “nasceu como um centro moderno, humanista e de vanguarda” da Europa quinhentista.
Ao longo dos séculos, foi “uma estrutura sólida e consolidada de conhecimento”, enfatizou.
Maria de Lurdes Craveiro, professora da Faculdade de Letras da UC (FLUC), preconizou a “recuperação de uma imagem vincadamente importante”, o Colégio das Artes, “que a Universidade foi negligenciando ao longo dos séculos”.
Moderada por Luísa Trindade, professora da FLUC, e realizada no Pólo I da UC, no âmbito das comemorações do 10.º aniversário da inscrição do conjunto Universidade de Coimbra, Alta e Sofia na lista de Património Mundial da UNESCO, a sessão contou ainda com a participação da subdiretora do DARQ, Susana Lobo, e dos docentes da instituição Alexandre Dias e Jorge Figueira, além do diretor do Colégio das Artes, Pedro Pousada.