O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) solidarizou-se hoje com o “grito de alerta” da equipa médica do serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), referindo que os profissionais emitiram escusas de responsabilidade.
“O SIM teve conhecimento deste grito de alerta dos colegas de Leiria e está totalmente solidário e todos eles já emitiram uma minuta de escusa de responsabilidade, dada a incapacidade em garantir as escalas”, afirmou à agência Lusa Roque da Cunha.
Médicos da Pediatria do CHL exigem o fecho da urgência pediátrica no período noturno e do bloco de partos e pedem que não seja aceite a atividade obstétrica do Hospital de Caldas da Rainha.
Num abaixo-assinado ao qual a agência Lusa teve hoje acesso, a equipa médica do serviço de Pediatria do CHL exige, quando nos turnos haja indisponibilidade de elementos para escala e fique apenas um pediatra, o encerramento da urgência pediátrica “a todas as admissões externas”, a partir das 20:00, “de forma a garantir os cuidados adequados e em condições de segurança para os doentes internados”.
Os médicos pedem ainda o fecho do bloco de partos, dado “não ser possível assegurar a assistência aos partos distócicos ou a qualquer emergência de reanimação neonatal”, defendendo que “todas as grávidas com condições de transferência” devem ir para outras unidades hospitalares.
Os 30 médicos exigem também que não seja aceite o desvio para o CHL da atividade assistencial do serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) da maternidade do Hospital das Caldas da Rainha, lê-se no abaixo-assinado.
Segundo Roque da Cunha, estes médicos, “além de garantirem a urgência interna, são também responsáveis pela urgência externa, são responsáveis pelo berçário” assim como, quando nasce uma criança, “estarem disponíveis para o caso de haver algum problema”.
“O conselho de administração [do CHL], no nosso ponto de vista, só tem uma possibilidade que é, desde já, comunicar ao INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] a indisponibilidade para que o serviço de pediatria de urgência à noite seja encerrado, e, desde já, até encontrar soluções, o bloco de partos não poder receber grávidas”, declarou.
O secretário-geral do SIM salientou que, “além das grávidas da área responsabilidade do hospital de Leiria”, desde o mês passado os profissionais “são também responsáveis” pelas grávidas da região das Caldas da Rainha, dado que o bloco de partos do hospital da cidade “vai ser sujeito a obras”.
“É mais uma prova daquilo que o SIM tem dito ao longo dos anos que, tal como em Lisboa, reestruturar não é encerrar”, adiantou, reiterando a necessidade de “criar condições para que os médicos não saiam do Serviço Nacional de Saúde”.
Para o responsável do SIM, em causa está “não só a qualidade dos cuidados de saúde prestados às pessoas que aí recorrem, como também da própria responsabilidade ética e criminal dos médicos que aceitem em trabalhar em condições abaixo dos mínimos”, considerando que deve fazer com que “o Governo tenha uma atitude responsável na negociação” com o sindicato.
Roque da Cunha disse ainda esperar que “o Ministério da Saúde dê resposta” aos subscritores do abaixo-assinado.