Autarca de Coimbra admite corte da A1 em defesa do IP3 

O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, alertou hoje para a situação do Itinerário Principal 3 (IP3), admitindo que o protesto pela sua modernização venha a passar pelo corte da autoestrada do norte.

“Quando todos estiverem disponíveis para cortarem a autoestrada 1 [A1], em defesa de uma verdadeira e célere modernização do IP3, contem com Coimbra”, afirmou o autarca na sessão solene comemorativa do Dia da Cidade, no Convento de São Francisco.

Segundo José Manuel Silva, o IP3 é “um exemplo de como a região se deixou ficar para trás”.

“Há 15 dias, percorri todo o IP3 e não encontrei uma única obra, talvez uma, entre Coimbra e Viseu. Ainda ontem [segunda-feira] ouvimos o presidente da Câmara de Viseu [Fernando Ruas] a queixar-se da situação, depois de mais uma infrutífera reunião com o Governo”.

Porém, enfatizou o presidente do município de Coimbra, “a responsabilidade não é de sucessivos governos: é mesmo dos autarcas dos concelhos atravessados pelo IP3, que não se movem com suficiente união e assertividade”.

“Já todos percebemos que há muitos anos andamos a ser ludibriados”, lamentou o independente José Manuel Silva, eleito em 2021 pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/Nós/Cidadãos!/PPM/Aliança/RIR e Volt).

O antigo bastonário da Ordem dos Médicos ressalvou, todavia, que o feriado municipal “não é dia de política, é [sobretudo] dia de união, de regozijo e de festa”.

“Os aumentos da inflação, do custo e escassez dos materiais, do preço da energia e dos combustíveis e do disparar do valor das obras, algumas na casa dos 50%, que todas as pessoas e instituições sentem individual e coletivamente, exigem-nos ainda mais rigor, diálogo, transparência e criatividade na governação camarária, algo que, acreditamos, temos sabido usar e demonstrar”, sublinhou.

José Manuel Silva disse também que, “perante a pressão quotidiana do aumento da despesa, é emergente aumentar a receita, para equilibrar o orçamento camarário e recuperar a capacidade de investimento e de apoio à sociedade e às associações”.

“O nosso segundo maior desafio a médio prazo é a afirmação […] de Coimbra como uma grande região metropolitana do país, a única forma de combater eficazmente a crescente, negativa e ostensiva bipolarização do país. Reafirmamos aqui esta nossa determinação. Contem connosco para a luta”, acentuou.

A cerimónia comemorativa do Dia da Cidade incluiu um momento musical por Francisco Costa, vencedor da edição do Prémio Edmundo Bettencourt 2023, com o disco “Retomar Coimbra – Fado e Canção de Coimbra”.

Na sessão foi também entregue a Ethel Feldman e Miguel Vale de Almeida, autores do livro “Pedra Branca”, editado pela Caminho, o Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, no âmbito de uma parceria da câmara com a Associação Portuguesa de Escritores (APE), que está a comemorar 50 anos de atividade.

O Prémio Municipal de Arquitetura Diogo Castilho foi atribuído ‘ex aequo’ a Luís Sobral, João Crisóstomo e Carlos Azevedo (do ateliê DEPA), pela obra Hospital Veterinário de Coimbra, e a Vicente Gouveia, Nuno Poiarez e Pedro Afonso, do coletivo VISIOARQ, pela reabilitação e ampliação da “Casa JAC”.

Foram ainda atribuídas distinções honoríficas à AMI – Porta Amiga de Coimbra, Exército Português, Lugrade – Bacalhau de Coimbra, Centro de Artes Visuais (CAV) e Teatrão, além de outros cidadãos, incluindo trabalhadores reformados da autarquia.