A companhia Encerrado para Obras e a Câmara de Góis apresentam hoje as criações de um projeto de arte e envelhecimento ativo que inclui uma obra fonográfica, um filme e duas exposições.
“É um projeto multidisciplinar, mais centrado na área da música e com um cariz social muito forte”, disse à agência Lusa David Cruz, diretor artístico da companhia, com sede em Casal de Ermio, Lousã, um dos municípios que apoiam a iniciativa, intitulada “Voz dos Avós da Nascente até à Foz” [do rio Ceira].
Do CD, em vias de ser editado, fazem parte 12 canções originais, contando ainda o projeto com uma exposição de pintura da autoria de utentes da Associação Nacional de Apoio ao Idoso (ANAI), de Coimbra, uma exposição de fotografia e um filme sobre o território.
“Por todas as razões, este é um projeto muito importante para Góis e concelhos vizinhos”, afirmou hoje à Lusa o presidente da Câmara Municipal, Rui Sampaio.
O autarca salientou que “Voz dos Avós da Nascente até à Foz” passou pela “recolha de canções tradicionais” e histórias junto da população idosa dos sete municípios banhados pelo Ceira.
“Se não houver iniciativas desta natureza, muitas dessas cantigas populares podem perder-se”, defendeu, ao sublinhar a “centralidade do concelho de Góis” no percurso do rio que atravessa a vila.
Rui Sampaio e David Cruz vão intervir hoje, às 18:00, na Praia Fluvial da Peneda, na divulgação do projeto de envelhecimento ativo, apoiado pela Direção-Geral das Artes (DGA) e pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
O primeiro de sete concertos a realizar no mesmo âmbito pela Encerrados para Obras vai acontecer no dia 23 de setembro, na freguesia de Ceira, em Coimbra, onde o rio desagua no Mondego.
Em palco, estarão seis músicos, a que antes se juntaram mais três na gravação do disco.
Ceira, segundo David Cruz, simboliza “o encontro entre a ruralidade e o urbano”, ambientes refletidos “num ano e meio de trabalho” em sete municípios, da nascente em Arganil, no limite com o concelho da Covilhã, até à foz, às portas de Coimbra.
No encontro em Góis, ao fim da tarde, o responsável vai “alertar os poderes públicos para o problema da desertificação que afeta este território”, percorrido pela companhia de teatro e música, desde setembro de 2022.
O projeto teve um orçamento superior a 50 mil euros, sendo 30 mil atribuídos pela DGA.
Conta ainda com apoio financeiro e logístico dos municípios de Arganil, Pampilhosa, Góis, Lousã, Poiares e Miranda, Junta de Freguesia de Ceira, Misericórdias da Lousã, Pampilhosa da Serra e Vila Nova de Poiares, além de cerca de 20 instituições particulares de solidariedade social, associações e outras autarquias.