Defender a melhoria dos serviços de saúde no interior do distrito de Coimbra e alertar para as dificuldades de acesso das populações é o objetivo de uma caravana automóvel que, na sexta-feira, irá percorrer cerca de 300 quilómetros.
A iniciativa, promovida pela delegação distrital de Coimbra do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), tem passagem anunciada pelos municípios da Pampilhosa da Serra, Góis, Lousã, Vila Nova de Poiares, Tábua, Oliveira do Hospital e Arganil, entre as 10:00 e as 17:00.
“O que afeta esses concelhos, que são concelhos do interior, é que, em geral, as pessoas são muito idosas, a faixa etária é elevadíssima e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) afastou-se dessas pessoas e dificulta-lhes a vida”, disse à agência Lusa Alfredo Pinto, dirigente do MUSP – Distrito de Coimbra.
Falta de médicos, encerramento de extensões de saúde e serviços de atendimento permanente, ausência de transportes públicos ou horários desfasados das necessidades das populações são aspetos identificados pelo MUSP, que exige a intervenção do Governo para a sua resolução.
Alfredo Pinto elencou alguns problemas em concelhos específicos, como a Pampilhosa da Serra, onde “falta um médico” ou, na extensão de saúde de Dornelas do Zêzere, localizada a mais de 30 quilómetros da sede do município e que serve outras freguesias, “retiraram dias de atendimento, só lá vão duas vezes por semana”.
“E aquilo que a população diz ao MUSP é que marcam uma consulta, uma consulta normal ao médico de família, e só passados seis meses é que têm consulta”, alertou o dirigente.
A opção destas pessoas, acrescentou, é deslocarem-se à sede do concelho: “têm de ir à Pampilhosa da Serra, que é uma distância enorme. Nem todas as pessoas têm carro para se deslocar e não há transportes públicos, isto afeta imenso as pessoas, o Serviço Nacional de Saúde cada vez se afasta mais”, declarou.
Apesar de citar casos análogos em praticamente todos os municípios do interior do distrito de Coimbra, outro dos exemplos avançados por Alfredo Pinto foi o de Góis, onde, dada a distância das freguesias à sede de concelho e os acessos por estradas de montanha, havia um conjunto de valências do SNS – em Cortes, Cadafal/Colmeal, Alvares, Vila Nova de Ceira ou Ponte do Sótão – e “fechou tudo”.
Mais uma vez a solução passa pela deslocação à sede de concelho, sem condições de transporte, onde também falta um médico, adiantou.
A partir das 20:00, continuou, Alfredo Pinto, as urgências “funcionam em Arganil” sendo o acesso feito pela estrada nacional 342, uma via “com 110 curvas” num percurso total de cerca de 13 quilómetros, utilizada pelos bombeiros.
“E se tiverem de fazer exames, e em Arganil deixaram de fazer determinados exames, as pessoas não têm outra alternativa senão recorrer aos Hospitais da Universidade de Coimbra. E nós sabemos, muitas das vezes, que nas urgências estão lá nove, dez horas, isto é absurdo, não é admissível”, argumentou o dirigente do MUSP.
Na sexta-feira, a caravana automóvel arranca de Coimbra, devendo chegar à Pampilhosa da Serra cerca das 10:00. Segue-se Góis (11:00), Lousã (12:00), Vila Nova de Poiares (14:00), Tábua (15:00), Oliveira do Hospital (16:00) e Arganil (17:00), seguindo-se o regresso a Coimbra.