A adesão à greve nacional de professores por distritos foi insuficiente para paralisar a Escola Secundária Mário Sacramento, em Aveiro, que abriu, embora com algumas dezenas de professores grevistas com cartazes à porta.
Os docentes mantiveram-se, apesar da chuva e vento, na entrada da escola a marcar a posição que asseguram não ser apenas dos presentes, empunhando cartazes com dizeres como “temos dignidade”, “escola pública para todos” e “por um ensino de qualidade”.
Fernanda, professora de Filosofia há décadas, explica a fraca adesão dos colegas pelo “medo de fazer greve” e pelo baixo rendimento.
“Com o baixo salário que temos é difícil aguentar uma greve por tempo indeterminado”, diz.
Sobre as razões da greve, que junta sindicatos de diferentes matizes, diz que “são reivindicações que se arrastam há muitos anos” e também não tem muitas expectativas quanto às negociações com o Governo.
“Olhe, vou esperar sentada como de costume, porque não tenho grandes esperanças nestas negociações. O atual Governo já lá está há quantos anos?”, questiona.
Fernanda explica que está à porta da Escola onde leciona para defender a dignidade da carreira.
“Ao nível dos contratados, os mais novos, que já não são assim tão novos, continuam sem saber o que é que os espera amanhã, e os mais velhos andam aqui a arrastar-se sem saber também qual é a sua situação”.
Desencantada com as condições da profissão, afirma que o seu encantamento são os alunos: “Por isso é que estamos cá, apesar de tudo”.
Diferente é a situação de Pedro Carlos, que não é professor de carreira, mas sim técnico especializado e dá aulas de manutenção industrial.
“Estou aqui a dar aulas como qualquer professor, só que quando chega a hora dos meus direitos, eu não tenho direitos, porque não tenho escalão, não pertenço a nenhum grupo e o vencimento é inferior ao dos professores”, diz.
Por isso faz greve e se junta aos outros professores à porta da escola.
Atualmente, estão a decorrer três greves distintas convocadas por várias organizações sindicais. A primeira foi uma iniciativa do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que em dezembro convocou uma paralisação por tempo indeterminado, que os professores têm cumprido de forma parcial, a apenas um tempo de aulas, e para a qual já foram entregues pré-avisos até 31 de janeiro.
No início do 2.º período, o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) iniciou uma outra greve parcial, esta ao primeiro tempo de aulas de cada docente, que se deverá prolongar até fevereiro e na segunda-feira arrancou uma greve total que se realiza por distritos durante 18 dias, convocada por uma plataforma de sindicatos que incluiu a Federação Nacional de Professores (Fenprof).
Os professores exigem melhores condições de trabalho e salariais, o fim da precariedade, a progressão mais rápida na carreira, e protestam contra propostas do Governo para a revisão do regime de recrutamento e colocação, que está a ser negociada com os sindicatos do setor.