Um antigo segurança de 34 anos do bar Mandarim, em Coimbra, optou por ficar em silêncio no arranque do julgamento em que é acusado de uma tentativa de homicídio na madrugada de 19 de fevereiro de 2022.
Os outros dois arguidos (o seu filho, de 18 anos, e um amigo deste, de 22 anos), apenas acusados de ofensas à integridade física, também optaram por se remeterem ao silêncio na primeira sessão do julgamento, que decorreu hoje à tarde no Tribunal de Coimbra.
Os crimes terão ocorrido após um desentendimento entre esses dois arguidos e dois jovens que estavam na zona da Praça da República, onde funcionava o Mandarim, bar fechado pelo Ministério da Administração Interna desde novembro, face a 21 autos de denúncia, a maioria por alegadas agressões por seguranças daquele estabelecimento.
Durante a sessão, uma amiga dos dois arguidos mais jovens, que os acompanhava naquela noite, refutou vários pontos da acusação do Ministério Público (MP), referindo que terão sido as duas vítimas a iniciar a altercação, após lhe terem “mandado bocas”.
A testemunha vincou ainda que foram as vítimas que partiram para a agressão, tendo dado um soco no filho do segurança do bar, que terá caído no chão.
Em nenhum momento, a testemunha falou de agressões por parte dos três arguidos naquele momento inicial, referindo que nada viu, pois estaria a tentar ajudar o seu amigo que tinha caído e desmaiado.
No entanto, admitiu que depois de as vítimas fugirem do local, os quatro — ela e os três arguidos — seguiram no carro em direção ao hospital, mas, tendo o mais novo avistado as duas vítimas junto ao Campo de Santa Cruz, decidiu sair do carro e ir na direção dos ofendidos, com os outros dois a saírem do carro e iniciarem a perseguição a pé.
Sobre esse momento, em que, de acordo com o MP, o segurança do bar esfaqueou uma das vítimas, a jovem disse nada saber, porque ficou no carro.
Já a vítima que foi esfaqueada corroborou grande parte do teor da acusação, frisando que foram os arguidos a provocar a confusão.
O ofendido referiu que quando avistou os três arguidos a sair do carro, já depois da confusão inicial junto à Praça da República, ele e o seu amigo optaram por fugir por direções distintas.
O jovem acabou por tropeçar e os arguidos alcançaram-no, referindo que terá levado pontapés e murros “no corpo quase todo” e que sentiu um objeto cortante a tocar-lhe na cara.
Só mais tarde, quando regressava à casa do seu amigo, se apercebeu do ferimento que tinha na zona da barriga, alegadamente provocada pela navalha que o segurança do bar teria.
A testemunha referiu que o segurança do bar tentou pedir-lhe desculpa dias mais tarde e que ainda chegou a ir à PJ para desistir da queixa, não tendo ficado claro o porquê de a queixa não ter sido retirada.
O segurança de 34 anos, que estava preso preventivamente (agora, está preso por cumprimento de pena de um outro processo), é acusado do crime de homicídio qualificado na forma tentada, sendo também suspeito de dois crimes de ofensa à integridade física qualificada e um crime de detenção de arma proibida.
O filho do segurança é acusado de um crime de ofensa à integridade física qualificada e o seu amigo de dois crimes de ofensa à integridade física qualificada.