“O Meu Nariz É Árabe” é uma cocriação entre a d’Orfeu AC e a Companhia João Garcia Miguel, com a participação dos Clarinetes Ad Libitum.

A estreia está marcada para o próximo sábado 18 de março, às 21h30, no CAA – Centro de Artes de Águeda. Os bilhetes estão à venda no local e em ticketline.pt.

Com texto e direção de João Garcia Miguel, o espetáculo tem músicas de Artur Fernandes e leva a palco sete intérpretes: Luís Fernandes, Gustavo Antunes, Rafael Zink e os quatro músicos de Clarinetes Ad Libitum (Nuno Pinto, José Ricardo Freitas, Luís Filipe Santos e Tiago Abrantes).

O Meu Nariz É Árabe inspira-se na poesia de Al-Mu’Tamid. “Ao passar junto de uma vide, esta arrebatou-lhe o manto. Indignado, o passante pergunta-lhe por que razão o odiava ela tão veementemente. Ao que ela lhe respondeu: já que os teus ossos se abeberam do meu sangue, porque passas por mim e não me cumprimentas?”.

Este diálogo não existe, nunca existiu, tal como o tempo histórico em que, porventura, pudesse ter existido também não existe. Aliás, nada existe, porque nada resistiu à narrativa ditada pela “voz” apostólica- romana dos vendedores. E, no entanto, eles, os “outros”, andaram por cá durante mais de meio milénio. Se há um buraco negro na nossa memória coletiva, ele abre-se no preciso período de dominação árabe do território a que hoje nomeamos de Portugal. Al-Mu’Tamid nasceu em Beja, em 1040, no seio de uma família da nobreza moura, ilustrada, como o eram as elites árabes do chamado Al Andaluz.