Ondas de calor e secas entre impactos de eventos climáticos na Região de Leiria

A Estratégia Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Região de Leiria identificou as ondas de calor e as secas como alguns dos principais impactos negativos neste território associados aos eventos climáticos, segundo um documento hoje divulgado.

No documento, cujo promotor foi a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), são ainda apontados o aumento da temperatura, a precipitação intensa e os ventos intensos.

No caso da temperatura, o aumento previsto é de até 2°C em 2027, sendo que nas ondas de calor há a tendência para aumentar a sua duração (entre 7 e 15 dias) e é provável “um aumento da sua frequência”.

Quanto à seca, é “esperado um agravamento, evoluindo de uma categoria de seca normal para seca extrema”, e, no que diz respeito à precipitação intensa, antecipa-se um “aumento provável” destes períodos.

Através daquele documento assinala-se ainda uma “tendência estimada de agravamento climático generalizado com um aumento da magnitude da velocidade máxima do vento (vento forte)”.

A CIMRL integra os Municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.

Numa nota de imprensa, a Região de Leiria explicou que “para mitigação dos riscos climáticos a Estratégia Intermunicipal assume 18 medidas prioritárias de adaptação às alterações climáticas, que permitirão o aumento da resiliência do território face a vulnerabilidades climáticas que se consideraram prioritárias para o território”.

“Para cada uma destas medidas com o horizonte temporal de 2023-2030 foi desenvolvida uma ficha individual, contendo informação quanto às vulnerabilidades climáticas que pretende combater”, adiantou a Região de Leiria, esclarecendo que “as ações previstas agrupam-se em função dos eventos climáticos que visam responder”.

Assim, no que se refere ao aumento da temperatura e nas ondas de calor, as ações passam, entre outras, pela “adoção de medidas de ordenamento florestal e mecanismos de prevenção de incêndios” e, no caso da seca extrema, a “otimização dos sistemas de abastecimento de água”, por exemplo.

No que concerne à precipitação intensa, é apontada a “criação de mecanismos de retenção temporária de água”, entre outras.

O diagnóstico científico efetuado para elaboração da estratégia e realizado em colaboração com a Universidade de Aveiro apresenta ainda medidas transversais. Nestas, “surgem medidas como a renaturalização urbana e introdução de soluções com base na natureza com o objetivo de incrementar as áreas de sumidouro de carbono e o aumento da resiliência do território às alterações climáticas, ou ações de sensibilização e educação ambiental da população e da comunidade escolar, promovendo a informação e o alerta para as consequências das alterações climáticas e incentivar a mudança de comportamentos da comunidade, estimulando a adaptação e mitigação das alterações climáticas”.

Citado na mesma nota, o 1.º secretário executivo da CIMRL, Paulo Batista Santos, realçou que “o desafio é não só atual como urgente”.

“Nessa medida, a região de Leiria reconhece a importância de agir agora para enfrentar as alterações climáticas e está determinada a liderar o caminho para um futuro mais resiliente e sustentável”, assinalou Paulo Batista Santos.

Em fevereiro de 2022, a CIMRL anunciou ter em curso a elaboração da Estratégia Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas para “mitigar os efeitos nocivos” deste problema, disse então à agência Lusa o seu presidente, Gonçalo Lopes.

Na ocasião, o também presidente da Câmara de Leiria destacou que esta região tem, “no contexto nacional, várias consequências das alterações climáticas”, lembrando os incêndios de 2017, em Pedrógão Grande e no Pinhal de Leiria, “com fenómenos climatéricos totalmente anormais”.

O autarca recordou ainda “os fenómenos de ventos fortes” registados aquando da tempestade Leslie e, mais recentemente, a seca, que “está a prejudicar bastante” o dia-a-dia na região.

Gonçalo Lopes apontou também os “fenómenos de avanço do mar” na costa, com prejuízo, nomeadamente, para as praias de Pedrógão, em Leiria, e da Vieira, na Marinha Grande.