Pelotão saiu esta manhã do Pelourinho para a primeira etapa, mas na Covilhã, havia muita gente que nem sabia o que estava a acontecer. Apesar da falta de divulgação e do transtorno no trânsito, povo diz que prova é mais-valia para a Beira Interior
É na Praça do Município que se afinam os últimos preparativos para o início da apresentação das equipas de ciclismo juniores que irão partir do centro da cidade em direção ao Fundão, numa etapa com passagens por Teixoso, Caria, Monte do Bispo, Benquerença, Meimoa, Penamacor, Pêro Viseu, Vales do Rio, Dominguizo e Alcaria, totalizando 111 quilómetros a pedalar.
Abrigados do sol intenso, estão os covilhanenses que passam e param, observando com curiosidade o que fez parar o trânsito no centro da cidade. A tirar fotos das equipas que se apresentavam no palco, está Batista Fael, que admitiu não saber da existência desta prova, mas que se mostrou interessado no espetáculo. “É uma boa coisa para a Covilhã, acho que traz muita gente para ver. Deveria era haver mais informação para as pessoas saberem que esta volta ia acontecer aqui”, defende o espectador, que considera ter havido “pouca informação” acerca da organização da etapa na Praça do Município.
Neste aspeto, José Santos concorda. “Eu não tinha conhecimento desta prova, foi uma coincidência ter vindo cá parar. Vim ao multibanco, vi aqui este aparato todo e vim ver o que se passava”, começa por explicar, encostado às grades onde vê os jovens ciclistas passarem mesmo à sua frente. “Acho que vão fazer um bom percurso e é também uma boa maneira de divulgar a nossa zona”, diz, mas não poupa as críticas. “Dá, também, é um bocado de transtorno, há aí muita gente a queixar-se, porque fecharem o trânsito a estas horas, num dia de semana, principalmente porque os autocarros não passam e as pessoas de mais idades veem-se mais atrapalhadas para irem ao mercado”, afirma. Apesar disso, José defende que “é um espetáculo bonito” e que “deveria ter sido mais divulgado para as pessoas saberem com antecedência”.
Bom conhecedor desta prova é Carlos Cardona, que vê com atenção a apresentação e o posterior aquecimento dos atletas. “Eu conheço a prova de juniores da Volta a Portugal. Acho que é um evento muito, muito significativo para o ciclismo nacional e é de saudar a importância que está a dar à participação destes jovens”, enfatiza.
Carlos considera que esta etapa é “um bocado dura” para os ciclistas. “É dura a dois níveis: essencialmente pelo calor, pelas temperaturas que se fazem sentir e também pela altimetria, que é elevada”, mas o espectador opina que “eles [os atletas] têm de se chegar à frente para terem sucesso, porque a realidade é mesmo esta”, declara.
Encostada na grade, mas irrequieta e a olhar para todo o lado como quem procura alguém, está Maria José Almeida, mãe de um dos participantes da prova: Bruno Lopes, ciclista da equipa Landeiro/KTM/ACR Roriz Cycling Academy. “É bom ver o meu filho correr, mas é sempre com o coração nas mãos”, começa por desabafar a mãe do atleta. “Tenho sempre medo que aconteça alguma coisa, porque o calor também não os favorece”, explica.
Vinda de Guimarães para a Covilhã especificamente para apoiar o filho na prova, Maria José confessa que “já está habituada a isto” e acompanha Bruno em todas as corridas, quando pode estar presente.
A 17.ª edição da Volta a Portugal de Juniores conta com 21 equipas, portuguesas, espanholas e francesas e 125 ciclistas a pedalarem pela zona das Beiras e Serra da Estrela. Na segunda etapa, os jovens correm de Penamacor até ao Sabugal amanhã, sexta-feira. No sábado, saem de Almeida até Manteigas e a prova termina no domingo, 27, em Celorico da Beira.