Maioria das interrupções por opção continua a realizar-se nos estabelecimentos de saúde públicos. O tempo médio de espera entre a consulta prévia e a realização da interrupção foi de 6,4 dias.
Em 2022, foram realizadas, em Portugal, 15.870 interrupções da gravidez (IG) a pedido da mulher, segundo o Relatório de Análise dos Registos da Interrupção da Gravidez, divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Estes números representam um aumento de 15% face a 2021.
Os dados do Relatório de Análise dos Registos da Interrupção da Gravidez de 2022 mostram, ainda, que a maioria das IG por opção continua a realizar-se nos estabelecimentos de saúde públicos (68,6% do total). O procedimento mais utilizado nestas unidades foi o medicamentoso (98,9%) e, no privado, continuou a ser o cirúrgico (95,3%).
Por sua vez, o “tempo médio de espera entre a consulta prévia e a realização da IG por opção da mulher foi de 6,4 dias (com uma mediana de 5 dias) e a idade gestacional mediana de interrupção manteve-se nas 7 semanas”. Pelo menos 20% das mulheres esperaram mais que o máximo legal de cinco dias pela primeira consulta.
O “número de mulheres não portuguesas” a abortar por opção tem aumentado ligeiramente (28,9% em 2022, 25,9% em 2021 e 24,6% em 2020). Este aumento, segundo a DGS, está “em consonância com o aumento de mulheres estrangeiras a residir em Portugal”.
A maioria das mulheres continua a recorrer por iniciativa própria à unidade em que realizou a interrupção.
Os dados do relatório mostram que, no total, foram registadas no país 16.471 interrupções, “mas a IG por opção da mulher nas primeiras 10 semanas de gravidez manteve-se como principal motivo em todas as idades, representando 96,4% do total”.
A “doença grave ou malformação congénita do nascituro” foi o que motivou 543 interrupções – o que representa 3,3% do total de IG por todos os motivos.
Já as “características sociodemográficas das mulheres” que realizam a interrupção por opção da mulher “não têm variado significativamente”.
O “grupo etário que realizou maior número absoluto de interrupções e onde se registou também maior incidência”, continua a ser o dos 20-24 anos, logo seguido dos 25-29 anos. A percentagem de interrupções antes dos 20 anos “manteve os valores de 2021 (8,6%)”. Nas IG por opção da mulher, à semelhança de anos anteriores, a mediana de idade da mulher manteve-se nos 28 anos.
À semelhança do ano anterior, em 2022, a Região de Lisboa e Vale do Tejo continuou a ser aquela onde se realizaram mais IG por opção da mulher. No entanto, nota o relatório, “apesar da realização da IG por opção da mulher na região representar 58,9% do total das IG realizadas, verificou-se que 3,1% das mulheres não tinham essa RS como área de residência”.
A incidência da interrupção da gravidez por todos os motivos “por 1.000 nados vivos, por Região de Saúde de residência da mulher, aumentou de 180,3 para 196,9 a nível nacional, traduzindo o aumento verificado em todas as regiões”. Este indicador é utilizado para comparações internacionais, “sendo que Portugal tem mantido registos abaixo da média europeia que, em 2019 (últimos dados disponíveis) era de 209,9”.
O relatório mostra ainda que, após a interrupção, mais de 90% das mulheres aderem à utilização de um método contracetivo – 92,6% em 2022.
A “opção por métodos de longa duração apresentou um ligeiro decréscimo (cerca de 2,5 pontos percentuais) relativamente a 2021, tendo-se situado nos 35,1%”. A opção “por método hormonal oral ou injetável foi de 37,6%, aumentando 1 ponto percentual relativamente ao ano anterior”.