“Comemorar Abril. Porquê?” Numa época em que ideologias radicais se imiscuem na sociedade e muitas pessoas desvalorizam a Revolução dos Cravos, a Assembleia Municipal de Albergaria-a-Velha quer envolver a comunidade local nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Assim, de 6 a 25 de abril, decorre um vasto programa de atividades com música, cinema, teatro, conversas e exposições.
“Um evento marcante como o 25 de Abril de 1974, data em que um regime ditatorial foi derrubado e devolvido o exercício da Democracia ao Povo, deve ser periodicamente lembrado e celebrado. Deve também ser celebrado para que não se esqueça a História”, afirma Mário Branco, Presidente da Assembleia Municipal. “A História diz-nos que os tiranos não desaparecem com a Democracia. Ficam camuflados, esperando pacientemente o seu momento para emergir. Nessa altura e perante ondas pontuais de protesto do Povo, cavalgam essas ondas como nicho de mercado, prometendo soluções radicais avulso, sem qualquer programa ou visão global de Estado, colocando em risco a Democracia”.
Para contrariar estes movimentos populistas, Mário Branco considera ser importante a comunidade refletir, verificar eventuais desvios dos ideais de Abril e projetar o futuro, sendo fundamental envolver a juventude, que não viveu a Ditadura, nas comemorações dos 50 anos. No programa em preparação, os jovens terão um dia só para eles, a 19 de abril, onde irão incorporar os valores da Revolução nas suas manifestações artísticas do século XXI.
Um programa cultural variado
Embora o programa final das comemorações ainda não esteja concluído, é possível já revelar alguns dos destaquesconfirmados. A 13 de abril, o Cineteatro Alba recebe a peça de teatro “Revolution”, uma cocriação da ASTA, Baal17, d’Orfeu AC e O Teatrão que propõe uma sucessão de cenas e momentos musicais, interpretados por 16 atores e músicos, que desafiam o espectador a pensar no caminho que fizemos de 1974 até hoje. Já a 21 de abril, o final da tarde é dedicado ao cinema com a longa-metragem “Salgueiro Maia – O Implicado”, de Sérgio Graciano, o primeiro retrato, no grande ecrã, daquele que é considerado o herói e o símbolo mais puro do 25 de Abril de 1974. Na música, o destaque vai para o concerto de Miguel Araújo na noite de 24 de abril, na Sala Principal do Cineteatro Alba.
Exposições sobre a temática da Revolução estão a ser preparadas, bem como atividades nas seis freguesias no Concelho, envolvendo associações e instituições locais.
“Vamos recordar e comemorar Abril, com o compromisso de vivenciar a sua mensagem no seu estado mais puro, bem como sensibilizar e motivar as novas gerações para que nunca permitam que lhes tirem Abril. A nossa união, determinação e a força da nossa razão, serão um fator decisivo para inibir o avanço dos que se sentem predestinados a tiranetes”, salienta Mário Branco.