Junta de Vieira de Leiria apreensiva com instalação de unidade de biometano

A Junta de Freguesia de Vieira de Leiria manifestou-se hoje apreensiva com a instalação de uma unidade de produção de biometano junto à estação de tratamento de águas residuais (ETAR) Norte, no Coimbrão, Leiria.

“O executivo da Junta de Freguesia de Vieira de Leiria, dando voz aos anseios e preocupações da sua população, vem demonstrar a sua apreensão e ceticismo sobre a instalação de uma unidade de produção de biometano junto à ETAR Norte (…), que será obtido através dos efluentes agropecuários e avícolas produzidos na região”.

Em março, a agência Lusa noticiou que uma empresa vai criar uma unidade de produção de biometano a partir de efluentes agroindustriais em Leiria, numa iniciativa que é mais um passo para a resolução da poluição ambiental, disse então o vereador da Câmara de Leiria Luís Lopes.

Desenvolvido no âmbito de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência, através do Programa de Apoio à Produção de Hidrogénio Renovável e outros Gases Renováveis, com duas fases de investimento, “o projeto garante solução para cerca de 300 toneladas/dia de efluentes produzidos no concelho, dando um importante contributo para a resolução de um dos principais problemas ambientais da região”, explicou Luís Lopes.

No comunicado, a junta salientou hoje que a preocupação em relação ao projeto é redobrada “tendo em consideração os problemas ambientais existentes, provocados pela (inoperância da) ETAR Norte no rio Lis, bem como as respetivas consequências e impactos extremamente nefastos para a Praia da Vieira, em termos de qualidade das suas águas balneares”, prejudicando “gravemente esta estância balnear, bem como os maus cheiros que abrangem Vieira de Leiria e as freguesias sitas a sul da ETAR”.

Esta autarquia do concelho da Marinha Grande advertiu “para os perigos que este projeto acarreta para o seu território (que se encontra a sul da unidade de produção e, por isso, mais suscetível a sofrer com os efeitos secundários da produção) ao nível da contaminação de águas, cheiros e gases a serem emitidos durante o processo de produção do biometano”.

Acresce “a preocupação quanto ao destino a dar às cerca de 300 toneladas/dia (…) de efluentes avícolas e pecuários, após a sua queima, manifestamente nefastos para a saúde pública, associado ao aumento considerável do tráfego de camiões na zona, prevendo-se a circulação de cerca de mais 25 a 30 camiões por dia” na região.

A junta, liderada por Álvaro Cardoso, enviou uma comunicação à tutela e aos deputados do PS e PSD eleitos pelo círculo de Leiria, através da qual alerta “para os efeitos nefastos da instalação desta unidade junto da ETAR Norte, propondo a elaboração de um estudo de impacto ambiental, a realizar por uma entidade credenciada e independente”.

Segundo o comunicado, a junta pediu ao Ministério do Ambiente e Ação Climática para encetar diligências “no sentido de poder garantir que se encontram salvaguardadas todas as condições de segurança ambiental, que não comprometam a saúde e bem-estar da população, o património natural (campos agrícolas, biodiversidade, floresta, rio Lis, Praia da Vieira) e edificado do território”, tendo o assunto sido “reencaminhado para a Agência Portuguesa do Ambiente”.

A autarquia assegurou ainda que vai continuar empenhada “no acompanhamento da situação” e intransigente “na defesa dos interesses e bem-estar” da população e território.