As peças ‘Tratado, a Constituição Universal’, de Diogo Freitas, e ‘Casa Portuguesa’, de Pedro Penim, marcam, em janeiro, o arranque da programação de novo ano no Teatro Nacional São João (TNSJ), divulgou hoje o Nacional do Porto.
No primeiro mês de 2023, a programação do TNSJ arranca no dia 5 com ‘Tratado, a Constituição Universal’, que vai estar em cena no Teatro Carlos Alberto até dia 8.
Com encenação de Diogo Freitas, -Tratado, a Constituição Universal’ tem interpretação e texto partilhados por Filipe Gouveia, Genário Neto, Inês Fernandes, Maria Teresa Barbosa e Pedro Barros de Castro e é uma coprodução do TNSJ.
“Questionar a sociedade e os sistemas políticos — nomeadamente a democracia, pelo seu insucesso na resolução de questões como o fascismo, o racismo, a xenofobia ou a guerra”, é o objetivo desta produção, lê-se no comunicado que descreve a peça de Diogo Freitas, diretor artístico da jovem estrutura Momento – Artistas Independentes.
O enredo passa-se nos Estados Democráticos Unidos, onde cada Estado é governado por um regime diferente e onde os conceitos de naturalidade e de migração não existem.
Entre os dias 12 e 21 de janeiro, sobe ao palco do TNSJ ‘Casa Portuguesa, com certeza’, de Pedro Penim, que conjuga três materiais: o fado, os diários de guerra e o ensaio filosófico.
De acordo com a nota divulgada à imprensa, esta é uma produção do “teatro-irmão” do TNSJ, sendo a primeira encenação de Pedro Penim enquanto diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), estreada em Lisboa na abertura da temporada.
‘Casa Portuguesa, com certeza’ abre no Porto a Odisseia Nacional que o TNDM vai cumprir ao longo do ano por mais de 90 concelhos do país, com diferentes espetáculos, enquanto o edifício do Rossio, em Lisboa, estiver fechado para obras de requalificação. Esta peça seguirá depois para cidades como Vila Real, Braga, Caldas da Rainha, Castelo Branco, Guarda, Aveiro, Ponta Delgada e Funchal.
O espetáculo conta a história (ficcional) de um ex-soldado da Guerra Colonial que, em diálogo com os seus fantasmas, se confronta com a decadência e a transformação do ideal de casa, de família, de país e do cânone da figura paterna.
“Para continuar a refletir sobre o conceito de família, uma reflexão iniciada em ‘Pais & Filhos’, que o São João apresentou em fevereiro de 2022”, esta peça é interpretada por Carla Maciel, João Lagarto e Sandro Feliciano e conta, ainda, com Fado Bicha (Lila Tiago e João Caçador) no elenco.
De regresso ao Teatro Carlos Alberto, a programação de janeiro do TNSJ inclui ‘Vida de Artistas’, de Noël Coward, a derradeira direção do encenador Jorge Silva Melo, que morreu em março deste ano.
A peça é resultado de uma coprodução dos Artistas Unidos, companhia que o encenador fundou e dirigia, com o TNSJ e o São Luiz Teatro Municipal.
Estará em cena de 19 a 22 de janeiro.
Estreada na Broadway em 1933, ‘Vida de Artistas’ aborda temas como o adultério, o ciúme, a sexualidade e o puritanismo, a partir de um complexo triângulo amoroso.
“No centro está Gilda (Rita Brütt), uma mulher que rejeita o casamento e a estabilidade e escolhe amar Leo (Pedro Caeiro) e Otto (Nuno Pardal), dois homens que, por sua vez, também a amam — e também se amam”, lê-se no resumo sobre a obra.
“Ah, como eu gosto de Noel Coward. Como quem ‘não quer a coisa’, com um brilho único, anda connosco há quase um século, despistando, contrariando ideias feitas, na curva da História. Frívolo? Ou realmente profundo? Fantasista ou realmente realista? Olha: teatral, aposto”, escreveu Silva Melo, no texto de apresentação da obra.
No TNSJ, o mês fecha com o início da mostra de espetáculos internacionais do projeto ‘Finisterra’, que coloca o TNSJ no centro do teatro europeu.
A iniciativa arranca com a apresentação, nos dias 27 e 28, de ‘Iphigénie’, uma criação de Tiago Rodrigues encenada por Anne Théron, a peça que abriu a edição deste ano do Festival de Avignon, em França – o festival de artes de palco que o encenador português passou a dirigir -, e prossegue, em fevereiro, com ‘Decalogue of Anxiety’, a partir de textos de autores como Platão, Sófocles, Calderón de la Barca, Dostoiévski, Büchner, Tchekhov, Heiner Müller, uma coprodução do Teatro Laboratório Sfumato, da Bulgária, com o Teatro Nacional do Luxemburgo.
Sucedem-se ‘Prometheus ’22’, uma homenagem a Samuel Beckett, pelo Hungarian Theatre de Cluj, da Roménia, com o teatro estatal romeno Constanta e o SNT Drama da Eslovénia, ‘Focs/Vatre’, de Marguerite Yourcenar, pelo Teatro Nacional da Catalunha, com o Yugoslav Drama Theatre da Sérvia, e ‘Iokasté’, coprodução checo-eslovaca, com texto e encenação de Lukás Brutovsky, que “investiga as raízes da misoginia, do antifeminismo e da masculinidade tóxica, de Sófocles a Donald Trump”.
Os cinco espetáculos, construídos a partir da “matriz clássica da tragédia”, são apresentados sequencialmente, “ocupando um mês de programação”, informa o TNSJ.
‘Finisterra’ é um projeto gerado no interior da União dos Teatros da Europa, desenvolvido em conjunto por dez teatros nacionais europeus.
Cada produção do ‘Finisterra’ resulta da parceria entre dois teatros nacionais.
Os preços para estas peças variam entre os 7,50 e os 16 euros.