Seis estudantes foram detidos hoje de madrugada por se recusarem a sair da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), em Lisboa, que ocuparam na segunda-feira em protesto pelo clima, disseram fontes dos ativistas e da polícia.
O protesto da Greve Climática Estudantil na FCSH da Universidade Nova de Lisboa faz parte de uma nova onda de ocupações pelo clima (a última ocorreu na Primavera passada) contra a “inação do governo em relação à crise climática”, reivindicando o fim aos combustíveis fosseis até 2030 e eletricidade renovável e acessível até 2025, segundo comunicado da organização.
Os ativistas pretendiam pernoitar nas instalações da faculdade, mas a polícia foi chamada ao local e acabou por retirá-los “à força”, lê-se na mesma nota.
Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP disse entretanto à Lusa que, dos sete estudantes que ocuparam o edifício, um saiu por vontade própria e os outros seis foram detidos por desobediência à 01:00 de hoje.
A mesma fonte adiantou que os seis estudantes foram libertados cerca das 06:00 e às 10:00 foram presentes a tribunal.
Em comunicado hoje divulgado, a direção da FCSH disse que a faculdade “é um espaço de liberdade, diversidade e debate” e que tem como prática “resolver os problemas através do diálogo”.
Apesar de manifestar solidariedade com a causa climática e de permitir a presença de ativistas nas instalações da faculdade, a direção acusou os ativistas de terem destruído equipamentos do sistema de deteção de incêndio.
A direção da faculdade disse que, ao longo do dia de segunda-feira, “as tentativas de diálogo com o grupo de ativistas foram ignoradas”, pelo que as instalações encerraram no horário habitual, às 23:00, “não tendo havido permissão para a permanência nas instalações de quem, para tal, não tem autorização prévia”.
“Lamentavelmente, e esgotadas todas as opções de diálogo, a direção da NOVA FCSH viu-se obrigada a recorrer às autoridades competentes para garantir o adequado encerramento das instalações”, acrescenta.
A decisão da direção foi criticada pelos ativistas.
“Não compreendemos como é que se está a tornar banal chamar polícia a faculdades para reprimir protestos pacíficos. As faculdades são historicamente um local de luta e de protesto, mas agora parecem ser completamente intolerantes a qualquer manifestação”, disse a porta-voz do núcleo pelo fim ao fóssil da FCSH, Lux Souto Maior, citada no comunicado da Greve Climática Lisboa.
A estudante acrescentou que o grupo está preparado para defender a ocupação: “Sabemos que estamos do lado certo da história. Não podemos parar de lutar pois esta é a luta das nossas vidas, a luta pelas nossas vidas”.
Segundo o coletivo de ativistas, às 15:30 haverá um novo protesto na Faculdade de Ciências Sociais.
Na segunda-feira, a PSP também foi chamada à Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) para impedir uma palestra sobre a ciência climática, acusa a Greve Climática Lisboa no comunicado.
“O diretor da faculdade de Psicologia disse-nos que não iria permitir qualquer conversa política organizada por nós na faculdade, pois as faculdades servem apenas para estudar, não podem ser espaços de protesto ou manifestações políticas. Gostava de saber o que ele diria durante a crise académica ou o maio de 68”, afirma a porta-voz do núcleo da FPUL, Teresa Cintra.