A presidente da Câmara de Cantanhede, Helena Teodósio, manifestou-se desagradada com o facto de a autarquia não ter sido ainda auscultada no processo de integração do Hospital Arcebispo João Crisóstomo e do Centro de Medicina Física e Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
“Li na imprensa que o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Coimbra considera que tal integração é vista como positiva por todas as entidades envolvidas, o que é no mínimo estranho. Trata-se de uma generalização que não inclui o Município de Cantanhede, pois este na realidade ainda não foi chamado a pronunciar-se e desconhece em absoluto o tipo de reestruturação que está a ser desenhada relativamente ao estatuto e ao funcionamento do Hospital Arcebispo João Crisóstomo e do Centro de Medicina Física e Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais”, disse a autarca na Assembleia Municipal extraordinária realizada ontem.
Helena Teodósio adiantou que, da leitura do ofício que recebeu em 9 de dezembro da parte do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, ficou com “a expetativa de que o Município seria ouvido e que, agora sim, iriam ser dados passos efetivos no sentido de serem atendidas as suas reiteradas reivindicações a reclamar uma intervenção urgente nos serviços de saúde do concelho, cuja capacidade de resposta é manifestamente insuficiente para as necessidades”.
Mas perante a circunstância de ainda não ter sido informada de nada, a líder do executivo camarário cantanhedense vai pedir àquele responsável o agendamento de uma reunião para discutir esta e outras matérias, nomeadamente a criação de uma urgência básica no Hospital Arcebispo João Crisóstomo ou, pelo menos, a reabertura da Consulta Aberta, nos termos do protocolo que o Ministério da Saúde celebrou com o Município de Cantanhede, como contrapartida da desativação da antiga urgência”.
“É lamentável que o Ministério da Saúde tenha quebrado o referido compromisso, fazendo tábua rasa desse dever de lealdade, mas é sobretudo lamentável e até revoltante que, em função disso, cerca de 60 mil pessoas – considerando a população dos concelhos de Cantanhede e Mira e de franjas de outros vizinhos –, tenha deixado de dispor de assistência médica em tempo útil para episódios agudos”, lamenta a presidente da Câmara , lembrando que foi enviada recentemente ao primeiro-Ministro e à Assembleia da República uma petição pública sobre esta questão.
Segundo a autarca, “a solução ideal seria a abertura de uma urgência básica com horário alargado no Hospital Arcebispo João Crisóstomo, o que teria a enorme vantagem de descongestionar a urgência do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, ou no mínimo que o concelho volte a ter uma Consulta Aberta nos termos que que funcionou até 25 de março de 2020, em plena crise da pandemia de Covid-19”.
Quanto à integração do Centro de Medicina Física e Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais no CHUC, Helena Teodósio não vê como “uma unidade hospitalar com tal nível especialização possa ser integrada num centro hospitalar que, apesar de possuir múltiplas valências, não parece estar vocacionado para cumprir a missão atribuída ao Rovisco Pais no âmbito da rede nacional dos Centros de Medicina Física e Reabilitação”. Por isso, considera que “não faz sentido a desvalorização do estatuto e perda da sua autonomia clínica, administrativa e financeira, e muito especialmente se isso for feito à margem de uma restruturação geral da rede nacional dos Centros de Medicina Física e Reabilitação”.