O Pavilhão Mozart, criado no âmbito do projeto “Ópera na Prisão” no Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens (antiga prisão escola), vai passar a ser uma nova sala de espetáculos na cidade, a partir de 2024, com espetáculos trimestrais.
“É o que nós queremos, que Leiria passe a ter o Teatro José Lúcio da Silva, o [Teatro] Miguel Franco e o Pavilhão Mozart. É essa a ideia”, disse à agência Lusa David Ramy, coordenador do projeto “Mozart ON”, da Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP).
Em agosto de 2022, a SAMP divulgou que o objetivo principal do projeto “Mozart ON” era o de identificar e potenciar as competências dos reclusos daquele estabelecimento prisional.
Através de processos participativos nas áreas da dança, da ópera, da história lírica e diferentes aspetos da produção, “Mozart ON” promove “a reflexão e a discussão de ideias entre jovens reclusos” que estão “numa fase de vida fulcral para adquirir competências sociais, métodos de trabalho e expressão artística, que lhes permitam uma integração profissional autónoma”.
David Ramy adiantou que “Mozart ON” procura uma programação constante dentro da prisão.
Segundo o músico, o Pavilhão Mozart, transformado em Centro de Artes Performativas, vai abrir de três em três meses à comunidade, com algum espetáculo pequeno relacionado com o mundo da ópera ou do canto lírico.
O coordenador referiu que o espaço, em princípio, em janeiro [de 2024], já abrirá portas para acolher um primeiro espetáculo que mistura música lírica com dança contemporânea.
No sábado, o projeto “Ópera na Prisão” apresenta o espetáculo “Mozart ON Fora de Portas” no Teatro Miguel Franco, às 15:30.
“Mostramos um bocado do que tem sido este primeiro ano de processo de trabalho, um bocado das áreas de óperas que temos trabalhado com eles, outras músicas no mundo e também as músicas do universo deles”, como o rap ou o hip-hop, declarou, sendo que esta apresentação é um convite para que em janeiro as pessoas se desloquem ao Centro de Artes Performativas.
Neste espaço, decorrem ensaios três vezes por semana, sendo que no projeto estão, neste momento, 42 reclusos, embora à rua só possam ir 12 devido à “capacidade da segurança do próprio espetáculo” e da situação dos detidos.
Muitos dos reclusos, quando começam o projeto, ainda estão em situação de detenção preventiva. “Não são condenados e não podem ir à rua”, referiu, realçando que “o projeto procura, precisamente, que a rua venha para dentro da prisão, extramuros entre os muros”.
“Ópera na Prisão” é desenvolvido pela SAMP desde 2004, primeiro no Estabelecimento Prisional de Leiria, tendo, em 2014, entrado pela primeira vez na prisão destinada a jovens.
O espetáculo “Ópera na Prisão – Mozart ON Fora de Portas” é organizado em parceria entre a SAMP e o Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens. É financiado pelo PARTIS/ART FOR CHANGE, contando com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, da Câmara Municipal de Leiria, e de pessoas e instituições anónimas.
O Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens destina-se ao internamento de reclusos jovens adultos dos 16 aos 21 anos, com possibilidade de permanência até aos 25 anos, segundo o sítio na Internet da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.