O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse hoje que foram resgatadas 14 pessoas, muitas das quais do interior das viaturas, devido às inundações no Campo Grande, Campo Pequeno e Alcântara, provocadas pela chuva forte.
Em conferência de imprensa nos Paços do Concelho, cerca das 10:30, Carlos Moedas começou por enaltecer o trabalho dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, dos Bombeiros Voluntários e de todos os elementos da proteção civil que durante a noite ocorrem à população devido à chuva intensa.
“Foram 14 pessoas resgatadas, muitas delas dentro dos carros, sobretudo nos túneis do Campo Grande, Campo Pequeno e em Alcântara. O nível da água subiu tanto, que a angustia era grande. As pessoas foram resgatadas sem grandes incidentes e ferimentos”, disse o autarca, revelando que as situações foram sobretudo de “ansiedade e de grande susto”.
Carlos Moedas apelou à população que numa nova situação de fenómeno extremo como o que ocorreu na noite/madrugada de hoje, que as pessoas “não arrisquem” para não serem apanhadas de surpresa em situações que não se podem controlar.
De acordo com o autarca, o túnel do Campo Grande deverá estar aberto “na próxima hora”, considerando que a cidade “está a voltar à sua normalidade”, apesar de estar a ser alvo de limpeza um pouco por toda a parte pelas equipas da higiene urbana.
“Tenho um pedido a fazer aos lisboetas: ontem muitas pessoas arriscaram nos túneis, se isto voltar a acontecer, o que é inevitável devido às alterações climáticas, assim que começarem a ver a água num túnel a subir é não arriscar, é chamar a polícia municipal”, apelou.
“Ontem no Campo Grande o túnel era como se fosse uma piscina de três metros de profundidade. A minha angustia era o que podia ser encontrado”, reconheceu aos jornalistas, reiterando o apelo “não arrisquem, peçam ajuda, saiam do carro”.
Carlos Moedas, lembrou também que nos últimos três meses, a capital já foi assolada por três fenómenos extremos, e que a probabilidade de voltar a acontecer “é muito grande”.
O autarca frisou igualmente que na cidade de Lisboa estão identificados os locais onde as “situações mais graves acontecem normalmente”, como a Baixa lisboeta, o Campo Grande e Campo Pequeno, Lumiar e a Avenida 24 de julho.
O presidente da CML reiterou a importância para a cidade dos dois túneis de drenagem, que vão ser iniciados em março e que se prevê estarem concluídos até 2025, referindo que se estes existissem tinham a capacidade de drenar as águas que estavam nos túneis do Campo Grande e Campo Pequeno.
“Trata-se de uma obra estrutural em Lisboa que muda esta situação”, salientou.
Carlos Moedas adiantou também que “ainda se estão a analisar os danos materiais, não havendo ainda uma avaliação dos mesmos”, destacando que as autoridades “tiveram capacidade durante a noite de não haver qualquer dano da vida humana”.
Questionado sobre casos de desalojados na cidade, Carlos Moedas respondeu não ter conhecimento de nenhum, apenas dos refugiados timorenses que se encontravam no Terreiro do Paço.
“Penso que os casos estão resolvidos, não temos ninguém desalojado”, apontou, acrescentando: “dentro das más notícias, temos boas notícias. Temos muito lixo neste momento, mas a cidade está calma e a voltar à normalidade”.
De acordo com o autarca, não está previsto para hoje um novo agravar da situação meteorológica, mas voltou a frisar que “os fenómenos extremos acontecem rapidamente” e que não “se permitem saber com muito avanço”.
“A Câmara Municipal de Lisboa atuou antes do aviso [meteorológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera – IPMA], antecipando e falando com todos os 24 presidentes de junta de freguesia”, explicou, frisando que a autarquia fez um aviso à população para que não saísse de casa devido às condições meteorológicas, de chuva forte.
Aos jornalistas a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, explicou que a autarquia “atua consoante os avisos do IPMA”, adiantando que estava desde segunda-feira em alerta sobre o que se iria passar, tendo “emitido na terça-feira o aviso à população”.
“Sabemos da dificuldade do IPMA [em prever fenómenos] conseguimos perceber, emitimos o aviso antes por esta circunstância”, reconheceu, adiantando que estavam a preparar-se para a resposta.