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Último alfaiate de Peniche encerra com exposição sobre 60 anos de atividade

Ao fim de 60 anos a fazer roupa por medida para homem e mulher, a alfaiataria de Eduardo da Silva, a última existente em Peniche, vai encerrar portas com uma exposição multimédia sobre o seu percurso.

Com 84 anos e 60 dedicados a este ofício, Eduardo da Silva vai encerrar de vez a sua alfaiataria “por motivos de saúde”, os mesmos que o levaram ao centro de dia, onde desde há umas semanas passa os seus dias.

Um acidente aos 7 anos afastou Eduardo da Silva do sonho de ser pescador, como o pai, e aos 11 anos “fez a vontade à mãe”: ser aprendiz de alfaiate e seguir a profissão do irmão mais velho, contou o próprio à agência Lusa.

Aos 15 anos começou a trabalhar, passando por mais uma outra alfaiataria e, 10 anos depois, deu seguimento ao negócio do então patrão e abriu a sua alfaiataria, empregando quatro costureiras e duas aprendizes.

“Naquela altura havia umas quatro ou cinco em Peniche”, no distrito de Leiria, disse, acrescentando que nesse tempo “havia muito trabalho”.

A dedicar-se de início a confecionar calças e casacos para homens, “chegou a fazer 14 calças por semana”.

Quando as mulheres começaram a usar calças, na década de 60 do século passado, acompanhou a evolução dos tempos e alargou o negócio à moda feminina, confecionando calças, saias e casacos para elas.

“Quando me apareceu a primeira mulher a querer mandar fazer umas calças, fiquei apreensivo, mas tirei-lhe as medidas como se fosse um homem e comecei a ter ainda mais trabalho”, recordou o alfaiate.

A publicidade ia de boca em boca, os clientes traziam outros clientes e o negócio foi florescendo.

Mesmo depois de reformado, foi mantendo aberta a sua alfaiataria, que agora a idade e a saúde o obrigaram a encerrar há poucas semanas.

Carolina Trindade, ‘designer’ de moda que tem vindo a pesquisar sobre métodos de fabrico de vestuário antigos e mais sustentáveis, conheceu o alfaiate nesse contexto.

A sua alfaiataria reabre assim no próximo fim de semana, pela última vez, com um exposição organizada pela jovem e por Pedro Mourinha.

O intuito é “homenagear o senhor Eduardo, chamar a atenção para os ofícios que vão desaparecendo e mostrar todo o trabalho por detrás de uma peça de roupa”, explicou Carolina Trindade.

A mostra é composta por fotografias da vida profissional deste alfaiate, peças de vestuário por si confecionadas, um documentário alusivo à sua vida, desenhos dos modelos das peças de vestuário, anotações, instalação sonora, vídeos e áudios das muitas histórias que lhes contou e das suas máquinas de costura, que agora se silenciam.

Assembleia Municipal de Pedrógão Grande exige manutenção das extensões de saúde

A Assembleia Municipal de Pedrógão Grande manifestou-se a favor da criação de uma unidade de saúde familiar ((USF), mas exigiu a manutenção das extensões de saúde e recomendou à Câmara a atribuição de apoios aos profissionais de saúde.

Na sessão extraordinária realizada na quarta-feira, para debater a situação da saúde naquele concelho do norte do distrito de Leiria, e a criação de uma USF e eventual fecho das extensões de saúde de Graça e Vila Facaia, a Assembleia Municipal aprovou, por unanimidade, uma resolução subscrita por todos os partidos (PSD, PS e CDS-PP) com assento neste órgão.

Através do documento apresentado na reunião que decorreu em Vila Facaia salientou-se que “a criação de uma USF deve ter por base a procura de solução que não seja prejudicial ao concelho e aos seus profissionais de saúde, mas que sejam tidas em consideração as reais necessidades e legítimos direitos de toda a população”.

Os eleitos defenderam a manutenção das extensões de saúde nas duas freguesias, justificando com razões de ordem profissional, social e política.

Segundo a resolução, “o Centro de Saúde dispõe de recursos humanos suficientes, no momento, para a manutenção dos polos [extensões]”, além de que existe “médico disponível para continuar a exercer esse serviço”.

Por outro lado, lembraram que “a população das duas freguesias está muito envelhecida”, assinalando ainda a sua “enorme debilidade financeira, com fracas reformas e muita despesa em medicação”, além de não dispor, por exemplo, de rede de transportes públicos.

Garantindo que “a Assembleia Municipal é a favor da constituição de uma USF, apoia a existência de uma equipa multidisciplinar de médicos, enfermeiros e administrativos, compreendendo que a sua criação é vantajosa para efeitos de regime de carreiras, suplementos e incentivos remuneratórios aos profissionais de saúde”, a resolução admite mesmo que “uma USF se poderá apresentar como um estímulo à contratação e fixação” destes profissionais.

Porém, sustenta a resolução, nada existe no regime jurídico da organização e funcionamento das USF que “imponha a sua constituição à custa do fecho das extensões” de saúde.

A Assembleia Municipal apelou para a necessidade de, “no plano de ação e compromisso assistencial (…) da futura e eventual constituição da USF, que mantenha em aberto as extensões, seja pela própria USF, seja através do Centro de Saúde, continuando a prestar e a assegurar às freguesias de Vila Facaia e da Graça, semanalmente, nos moldes atuais – duas vezes por semana – uma política de proximidade e de saúde familiar”.

“Mais recomenda ao executivo que, de forma formal, manifeste junto dos médicos, enfermeiros e funcionários do Centro de Saúde os apoios que possam ser concedidos – alojamento, transporte e outros tidos por necessário – nos melhores termos articuláveis entre a autarquia e o Ministério da Saúde e/ou seus organismos”.

O presidente da Assembleia Municipal, Raul Garcia, disse à agência Lusa que o que saiu da sessão “foi uma posição unânime e comum às três forças políticas que estão representadas” neste órgão, referindo que estiveram presentes quase uma centena de pessoas, incluindo os eleitos da Câmara e Assembleia, naquela que foi a reunião mais participada a que presidiu.

Segundo Raul Garcia, “ninguém está contra a criação de uma USF, mas ninguém quer perder os serviços de saúde de que já dispõe”, referindo-se às extensões de saúde e ao horário de funcionamento do Centro de Saúde (08:00 às 20:00 nos dias úteis).

O presidente da Assembleia Municipal, também médico em Pedrógão Grande, considerou ainda que os apoios sugeridos à Câmara pelos eleitos são importantes para atrair novos profissionais para o concelho.

A resolução vai ser enviada ao diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Interior Norte e ao coordenador do Centro de Saúde de Pedrógão Grande.

Sindicatos e Ministério da Saúde reúnem-se hoje para novas negociações

Os sindicatos médicos voltam hoje à mesa de negociações com o Ministério da Saúde, numa semana marcada por uma greve de dois dias e uma manifestação em defesa da carreira médica e do Serviço Nacional de Saúde.

Na última reunião negocial, o ministro da Saúde apresentou ao Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e à Federação Nacional dos Médicos (Fnam) uma proposta que prevê um novo modelo remuneratório e um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de poderem optar pelas 35 horas semanais.

No final da reunião, os sindicatos médicos assinalaram a abertura manifestada pelo Ministério da Saúde, mas exigem conhecer todos os detalhes da proposta de diploma.

A Fnam, que convocou a greve e disse que a adesão de cerca de 90% reflete a falta de confiança destes profissionais nas políticas do Ministério da Saúde, defende que o aumento salarial tem que ser transversal para todos os médicos “e não à custa de subsídios e suplementos”.

O SIM alertou que os sindicatos ainda não conhecem a proposta do executivo e que, apesar de alguma abertura, “há ainda um oceano a separar as duas partes”. 

Para o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, “não basta o Governo anunciar uma proposta, é preciso que haja medidas concretas em relação àquilo que é anunciado por parte do Governo”.

A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, garantiu que “a Federação Nacional dos Médicos está de boa-fé” nesta negociação, mas quer uma proposta por escrito e quer “conhecer o que o Governo resolveu legislar unilateralmente em Conselhos de Ministros sobre o novo regime de dedicação plena e a questão das Unidades de Saúde familiar”.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, defendeu na terça-feira em Olhão, no Algarve, que a sua proposta de aumentos salariais dos médicos até 50% não pode ser desvalorizada.

“Eu acho que todos os portugueses e os médicos, incluindo, têm consciência de que quando nós estamos a propor aumentos salariais, que são nuns casos de 23%, noutros casos de 32% e, noutros casos, […] o aumento é mesmo de 50%. Não estamos a falar de aumentos que se possam desvalorizar”, salientou Manuel Pizarro.

O governante assegurou que irá ainda elaborar “um documento com maior detalhe técnico” do que aquele que já foi distribuído e considerou não é a falta desse texto “que impedirá a conclusão das negociações”, que espera que irão chegar a “bom termo”.

A Fnam tem agendada nova greve para os dias 14 e 15 de novembro, caso não chegue a acordo com o Ministério da Saúde.

Além das greves, os médicos também têm manifestado o seu descontentamento, através da entrega, por cerca de 2.500 clínicos, de minutas de declarações de dispensa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, que tem provocado constrangimentos nos serviços de urgência de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

Portugal em aviso laranja, queda de árvores e inundações no Norte

Todos os distritos do continente estão desde as 06h00 de hoje sob aviso laranja devido à chuva, vento e agitação marítima, e segundo o ‘site’ da proteção civil foram registadas cerca de 20 ocorrências durante a noite.

Segundo informação disponível no ‘site’ da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), às 06h30, foram registadas cerca de 20 ocorrências sobretudo no norte do continente, a maioria quedas de árvores e inundações de estruturas ou superfícies.

Àquela hora, mais de 40 operacionais estavam envolvidos na resolução das várias situações causadas pela chuva e vento.

Segundo a página da ANEPC, as ocorrências foram registadas no Porto, Aveiro, Évora, Coimbra, Castelo Branco e Viseu.

Num balanço feito na quarta-feira à noite, a ANEPC indicou que que foram contabilizadas, até às 22h30, 669 situações causadas pelo mau tempo, com a sub-região da Área Metropolitana do Porto a concentrar o maior número de casos. Na cidade do Porto uma família de cinco pessoas teve de ser realojada.

Todos os distritos de Portugal continental estão desde as 06h00 de hoje sob aviso laranja devido à chuva, vento e agitação marítima fortes.

O IPMA prevê para hoje, com a passagem da depressão ALINE, vento de sudoeste, tornando-se gradualmente forte nas regiões Centro e Sul a partir do início da manhã, com rajadas que poderão atingir os 110 quilómetros por hora (km/h), em especial no litoral a sul do Cabo Mondego e incluindo a costa sul do Algarve, e nas serras destas regiões.

O IPMA indica que localmente poderão ocorrer rajadas pontualmente superiores aos 110 km/h, bem como fenómenos extremos de vento.

Quanto à chuva, o IPMA refere em comunicado que começou na quarta-feira nas regiões do Norte e Centro, estendendo-se ao restante território a partir da madrugada de hoje, aumentando de frequência e intensidade a partir da manhã.

De acordo com o IPMA, a agitação marítima irá aumentar, esperando-se para a costa ocidental, ondas do quadrante oeste com 4 a 5 metros, aumentando para 5 a 7 metros de altura, podendo atingir altura máxima até 14 metros, persistindo ao longo do dia de sexta-feira.

Na costa sul do Algarve as ondas serão de sudoeste, aumentando para 4 a 4,5 metros durante a tarde.

Freguesia lisboeta de Alcântara prepara-se para a depressão Aline

Na freguesia de Alcântara, em Lisboa, foram limpas sarjetas e distribuídos sacos de areia a comerciantes e moradores de zonas mais afetadas pelas cheias, à espera da depressão Aline, na quinta-feira, disse hoje o presidente da junta.

“Fizemos uma limpeza de sarjetas e sumidouros, se bem que uma limpeza superficial, porque os coletores não são tratados por nós, e alguns bem precisam de ser reparados”, afirmou Davide Amado (PS), presidente da Junta de Freguesia de Alcântara.

O autarca acrescentou que a junta também promoveu “ações de sensibilização, colocando informação junto de zonas que costumam ficar completamente alagadas”, para que evitem estacionar viaturas em determinadas áreas de maior risco, uma vez que se prevê entre as 21:00 de hoje e durante quinta-feira “uma precipitação elevada nesta zona da Grande Lisboa”.

“Junto do comércio temos vindo a alertá-los para esta situação, distribuímos novamente sacos de areia para quem entendeu, quer no comércio, quer em residências, nas zonas mais afetadas”, explicou Davide Amado.

A autarquia local também alertou a Câmara e a Polícia Municipal para “duas ruas da freguesia, que assim que começam a alagar têm de ser imediatamente cortadas, para evitar que os carros, autocarros e carros de bombeiros ao passarem criem autênticas ondas de um a dois metros, que vão para dentro de casa das pessoas e das lojas”, avançou.

Essas ruas mais sujeitas a alagamento são a Fradesso da Silveira e 1.º de Maio, entre o Calvário e a Rua Luís de Camões.

“Temos as nossas equipas em alerta a partir de agora para qualquer eventualidade, mas esperamos que estejam só em alerta e não seja necessário”, desabafou.

O autarca contou que, na terça-feira, passou o dia “a falar com todos os comerciantes das zonas mais afetadas o ano passado”, que “estão nas zonas mais sensíveis”, e “é notória uma grande ansiedade, uma grande preocupação em todos, porque o ano passado grande parte deles perderam os seus negócios”, de pequenas empresas a empresas familiares.

A chuva intensa e persistente que caiu em dezembro de 2022 provocou danos e prejuízos em vários pontos de país, incluindo em Lisboa, onde Alcântara foi das áreas mais afetadas, e em Algés, no concelho de Oeiras, onde morreu uma mulher.

O município de Lisboa reportou prejuízos de 38 milhões de euros e definiu apoios de cerca de três milhões de euros para famílias e atividades económicas.

Questionado se tiveram acesso aos apoios, Davide Amado responde que “algumas empresas sim, outras não” e que as “pessoas que sofreram danos nas suas habitações tiveram apoios irrisórios”, pois “a burocracia era tanta que os apoios tarde chegaram, e chegaram muito poucos”.

O autarca espera pela conclusão da “importante e complexa” obra dos dois túneis do plano de drenagem, que desviarão as águas da zona urbana da Amadora através de um coletor em Campolide, mas notou que “o plano de drenagem não são só estes dois túneis” e Alcântara precisa de outras “duas obras importantíssimas”, a requalificação de “todo o coletor da Rua Luís de Camões”, que recolhe a água da zona do Monsanto e da Ajuda, e do coletor da Fradesso da Silveira, que vai dar à João de Oliveira Miguens.

“Naturalmente que, quer a obra [do hospital] da CUF, quer a obra ao lado da LxFactory terão contribuído também para impermeabilização dos solos, mas estas duas obras são importantíssimas para melhorar a situação”, advogou.

Em relação à colaboração com outras entidades, Davide Amado salientou que o Serviço Municipal de Proteção Civil tem informado sobre as medidas a adotar e com, “quer a junta, quer a Polícia Municipal, quer os bombeiros, há uma articulação muito próxima”.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informou que a depressão Aline “irá atravessar o Atlântico em fase de cavamento, aproximando-se da região centro da costa ocidental de Portugal na manhã do dia 19, em deslocamento rápido para leste e transportando uma massa de ar muito quente, húmido e instável”.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) recomendou hoje aos cidadãos que evitem deslocações desnecessárias na quinta-feira devido à previsão de chuva e vento forte, consequência da passagem da depressão Aline pelo continente.

O segundo comandante da ANEPC, Miguel Cruz, disse que o nível de prontidão do dispositivo vai subir de amarelo para laranja, o segundo mais elevado, a partir das 00:00 de quinta-feira.

A proteção civil alertou que, para hoje, está previsto que a chuva comece no norte e centro e que na quinta-feira se alastre a todo território continental.

Um militar da GNR demitido e sete elementos da PSP suspensos de serviço em 2022

Um militar da GNR foi demitido e sete elementos da PSP foram suspensos de serviço em 2022, num total de 14 penas aplicadas aos polícias pelo ministro da Administração Interna, segundo dados da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).

Esta entidade que fiscaliza a atividade das polícias publica, pela primeira vez, na página da internet informação estatística de 2022 referentes aos processos disciplinares.

De acordo com a IGAI, no ano passado foram aplicadas 14 penas disciplinares a elementos da Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras por decisão de José Luís Carneiro, após a IGAI ter concluído os processos e remetidas as propostas de aplicação de penas ao ministro.

A IGAI precisa que foi aplicada a pena de “separação de serviço” a um militar da GNR, que segundo o regulamento de disciplina desta corporação, significa “afastamento definitivo da Guarda, com extinção do vínculo funcional à mesma e a perda da qualidade de militar, ficando interdito o uso de uniforme, distintivos e insígnias militares, sem prejuízo do direito à pensão de reforma”.

Aquele organismo liderado pela juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira especifica também que sete polícias da PSP foram suspensos e seis elementos do SEF foram alvo de penas no ano passado, três dos quais suspensos, dois com multa e um com uma repreensão escrita.

O ministro da Administração Interna decidiu arquivar 34 processos disciplinares no ano passado e seguiu a proposta de arquivamento da IGAI, sendo sete referentes militares da GNR, 23 a polícias da PSP e quatro a elementos do SEF.

Os dados agora publicados por este organismo mostram também que a IGAI instaurou no ano passado 53 processos disciplinares para apuramento de circunstâncias de atos praticados por elementos das forças e serviços de segurança ou circunstancialismos relacionados com organismos do Ministério da Administração Interna, a que se juntaram os 73 transitados de anos anteriores.

No ano passado, a IGAI concluiu 43 processos e transitaram para este ano 83.

Um relatório divulgado no início do mês pela IGAI dava conta de que as queixas contra a atuação das polícias quase duplicaram nos últimos seis anos, passando de 772 em 2017 para 1.436 no ano passado.

A PSP foi a força de segurança com maior número de queixas, tendo dado entrada na IGAI 538 participações contra a atuação dos agentes da PSP em 2022, seguindo-se a GNR, com 427, e o SEF, com 233.

Segundo a IGAI, quase metade das queixas (48%) contra a atuação das forças de segurança estiveram relacionadas com a violação de deveres de conduta (procedimentos ou comportamentos incorretos), tendo dado entrada um total de 690, 254 das quais dirigidas a elementos da PSP, 199 a militares da GNR e 191 a inspetores do SEF.

As ofensas à integridade física foram o segundo tipo de denúncia mais apresentado em 2022, correspondendo a 14,3% do total de participações contra a atuação das polícias, seguido de assuntos de natureza interna ou profissional, 95 queixas.

A IGAI tem como missão assegurar as funções de auditoria, inspeção e fiscalização de todas as entidades, serviços e organismos tutelados pelo MAI.

Subsídio de desemprego a vítimas de violência? Decreto aprovado amanhã

O Governo vai aprovar na quinta-feira um decreto-lei para a atribuição do subsídio de desemprego a vítimas de violência doméstica, anunciou hoje o primeiro-ministro. Decreto para dar subsídio de desemprego a vítimas de violência aprovado amanhã.

O anúncio foi feito por António Costa durante o debate quinzenal que decorreu hoje na Assembleia da República, em resposta ao deputado único do Livre.

“Tem absoluta razão, mas só por mais 24 horas, visto que amanhã o Conselho de Ministros aprovará o decreto-lei sobre a aplicação do subsídio de desemprego às vitimas de violência doméstica”, afirmou o primeiro-ministro.

Rui Tavares questionou o chefe de Governo sobre o “compromisso orçamental” de 2022 relativo ao alargamento do subsídio de desemprego às vítimas de violência doméstica, lamentando que a medida ainda não tenha sido implementada.

“Nós não vamos para o orçamento de 2024 sem resolver um problema que vem de 2022 e 2023. A última vez que falámos deste assunto, o senhor primeiro-ministro disse-me que estava em circuito legislativo, do que estamos à espera para sair um decreto-lei do Conselho de Ministros que finalmente diga às vítimas que não deixamos passar nem mais um mês para estas pessoas mais um mês é um mês entre a vida e a morte”, afirmou o deputado único.

Rui Tavares salientou que esta medida é “absolutamente essencial”, sustentando que as vítimas de violências doméstica estão muitas vezes sujeitas a uma dependência financeira “que não lhes permite reconstruírem a sua vida”.

Depois de afirmar que “muita gente perde o emprego quando tenta reconstruir a sua vida e libertar-se dessa condição de vítima de violência doméstica”, o deputado único do Livre considerou “inaceitável que a Segurança Social não esteja do lado da pessoa”.

Na sua intervenção, o deputado referiu também o Orçamento do Estado para o próximo ano, defendendo ser “completamente legítimo que o debate acerca do que fazer com o excedente seja feito de forma o mais inclusiva e participada possível, incluindo no parlamento”.

Rui Tavares desafiou o Governo a levar todos os anos à discussão “um compromisso de equidade e investimento” para o que deve ser feito com o excedente orçamental.

“Pagar dívida pública, sim, mas não só. Investimento público, desagravar o trabalho com uma reforma fiscal progressiva, atender à emergência social, e discutir tudo isso na Assembleia da República”, defendeu.

Neste ponto, o primeiro-ministro indicou que o Governo leva esse debate ao parlamento na proposta de orçamento para o próximo ano, e que o decidiu fazer “bastante inspirado numa questão” que o deputado lhe colocou num debate sobre o que fazer com o saldo.

“O que propusemos creio que é o equilíbrio responsável com o nosso futuro e o nosso presente”, defendeu, sustentando que é reservada “parte do saldo para reforçar o fundo de estabilização financeira da Segurança Social”, porque “é necessário continuar a diversificar as fontes de financiamento de modo a garantir a sua sustentabilidade futura”.

O primeiro-ministro destacou também a criação de um “novo fundo dedicado ao investimento” para “preparar o pós 2026”.

“Quando acabar o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], e na incerteza do que será o próximo quadro de financiamento numa Europa alargada, é fundamental que desde já o país se prepare para criar um fundo que sustente a continuidade do investimento público pós 2026”, indicou.

O primeiro-ministro realçou ainda a redução da dívida, indicando que, ao mesmo tempo, o Governo quer responder à emergência social e reforçar serviços públicos que “são pilates fundamentais do estado social, como a escola pública ou o Serviço Nacional de Saúde”.

Urgência Básica de Águeda fecha entre as 20h e as 8h de quinta-feira

O Serviço de Urgência Básica do Hospital de Águeda, no distrito de Aveiro, vai estar encerrado a partir das 20h e até às 8h de quinta-feira por falta de médicos, informou hoje o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV).

OCentro Hospitalar do Baixo Vouga, EPE informa que, por não ter sido possível completar as escalas médicas, o Serviço de Urgência Básica do Hospital Conde de Sucena, Águeda, vai encerrar às 20h do dia 18 de outubro até às 8h do dia 19 de outubro”, referiu a administração hospitalar em comunicado.

Apenas serão admitidos doentes até às 19h de hoje, pelo que os utentes deverão dirigir-se às unidades hospitalares mais próximas, de acordo com o comunicado.

“O CHBV apela à compreensão de todos, lamentando, desde já, os eventuais constrangimentos que esta situação possa causar e que, apesar de todos os esforços, não foi possível ultrapassar”, acrescenta.

A administração hospitalar, à semelhança do procedimento em situação análoga, refere que “foi realizado aviso atempado ao CODU/INEM, Corporações de Bombeiros e hospitais mais próximos”.

Segundo a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), cerca de 2.500 médicos já apresentaram a minuta de indisponibilidade em fazer horas extraordinárias além das 150 obrigatórias por lei, uma situação que está “a afetar os hospitais de norte a sul do país”.

Adesão à greve dos médicos é de 90% e reflete falta de confiança no Ministério 

A adesão ao segundo dia da greve dos médicos é de 90%, o que reflete a falta de confiança destes profissionais nas políticas do Ministério da Saúde, revelou hoje a presidente da Federação Nacional de Médicos (FNAM).

“Temos um aumento da adesão à greve para 90%, de norte a sul do país, não só ao nível dos hospitais. Reflete-se muito a nível dos blocos operatórios, também nas consultas, no internamento e ao nível dos cuidados de saúde primários”, indicou.

No final de uma reunião do conselho nacional extraordinário da FNAM, que decorreu ao longo da manhã em Coimbra, Joana Bordalo e Sá realçou que a adesão à greve atingiu os 100% em algumas unidades de saúde familiar modelo B do país.

“Isto reflete o descontentamento dos médicos e também reflete, se calhar, a falta de confiança que temos, neste momento, nas políticas praticadas pelo doutor Manuel Pizarro e naquilo que até foi verbalizado ontem [terça-feira] para a comunicação social”, alegou.

De acordo com a presidente da FNAM, a cerca de 24 horas da realização da próxima reunião com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, os médicos continuam sem receber os documentos que lhes tinham sido prometidos.

“Continuam a faltar as atas das reuniões anteriores e isto continua a ser uma falta de seriedade enorme. Portanto, vamos ver o que é que acontece amanhã”, criticou.

Joana Bordalo e Sá garantiu que “a Federação Nacional dos Médicos está de boa-fé” nesta negociação com o Ministério da Saúde, mantendo as propostas e soluções para os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Efetivamente, houve uma abertura manifestada pelo Ministério da Saúde na quinta-feira, pela primeira vez, e graças à nossa luta, que é a reposição das 35 horas de trabalho para os médicos. Mas, tem que ser para todos: médicos dos centros de saúde de medicina geral familiar, médicos hospitalares façam ou não façam urgências, médicos de saúde pública e médicos internos”, defendeu.

Segundo a médica, a FNAM pretende que se acabe com a desigualdade que existe nesta classe de profissionais da saúde.

“O que a Federação Nacional dos Médicos quer é equidade para todos os médicos e também, obviamente, o aumento salarial, que tem que ser transversal para todos os médicos e não à custa de subsídios e suplementos”, sublinhou.

Os médicos iniciaram terça-feira dois dias de greve, uma paralisação que acontece cinco dias depois de os sindicatos se terem reunido com o Ministério da Saúde e de estar marcada uma nova ronda negocial para a próxima quinta-feira.

A FNAM tem agendada nova greve para os dias 14 e 15 de novembro, caso não chegue a acordo com o Ministério da Saúde.

“Está nas mãos do Ministério da Saúde reverter esta situação. Se chegarmos a um acordo, obviamente, esta forma extrema de luta eventualmente poderá ser revertida”, concluiu.

Nervosismo denuncia jovem. Tinha faca com 38,5 cm no interior das calças

PSP deteve o jovem e apreendeu, além da faca, que era “semelhante a uma catana”, uma balaclava.

O Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública (PSP), deteve, na madrugada do dia 15 de outubro, na freguesia de Misericórdia, deteve um jovem, de 21 anos, por ser suspeito da prática do crime de detenção de arma proibida.

“No decorrer da ação policial, na zona de diversão noturna do Cais do Sodré, os Polícias interpelaram um indivíduo com um comportamento nervoso e evasivo que após revista foi possível detetar na sua posse uma arma branca, semelhante a uma catana dissimulada no interior das suas calças”, revela a força de segurança, numa nota divulgada esta quarta-feira.

“Além da faca, com 38,5 cm de lâmina”, foi ainda apreendida “uma balaclava de cor preta, por suspeitas da mesma ser usada para omitir a entidade do visado, aquando da prática de ilícitos”.

O detido foi notificado para comparecer no tribunal competente, aguardando-se a aplicação da medida de coação.

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