Algumas centenas de professores estão concentrados no viaduto do Pragal, junto à ponte 25 de abril, num protesto em defesa da escola pública.
A concentração, organizada pelo movimento “Missão Escola Pública” arrancou por volta das 18:23, uma hora simbólica que faz referência aos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo congelado que os docentes exigem ver recuperado.
Mais abaixo, à saída da ponte 25 de abril, onde o trânsito fluiu com os constrangimentos habituais da hora de ponta, condutores iam cumprimentando os manifestantes com o som tímido de algumas buzinas.
Pelas 19:00, o protesto arrancou em marcha com destino até ao Cristo Rei e, no caminho, os professores vão entoando palavras de ordem já conhecidas de todos após vários meses de contestação, como “A escola unida jamais será vencida”, “Não paramos” e “Costa, escuta, a escola está em luta”.
Acima de tudo, explicou à Lusa uma das organizadoras, está em causa aquilo que os professores consideram ser a desvalorização da sua carreira, em termos salariais, de progressão e de condições de trabalho.
“A carreira não é atrativa, temos os professores a reformar-se e os que entram não conseguem corresponder ao número de vagas e de horários”, sublinhou Cristina Mota, professora de Matemática da Escola Secundária de Pinhal Novo, acrescentando que, em consequência, há todos os anos milhares de alunos que ficam sem professor a pelo menos uma disciplina, com prejuízos para as aprendizagens.
Quanto ao tempo de serviço, Cristina Mota concorda com aquilo que tem vindo a ser dito por todas as organizações sindicais do setor: os professores não abdicam.
“O nosso tempo tem de ser totalmente recuperado, ainda que possa ser de forma faseada, como já aconteceu”, afirmou, sublinhando que tem de ser assim para todos os docentes, e não apenas para alguns.
Cristina Mota faz parte do movimento “Missão Escola Pública”, que surgiu depois de um outro protesto e de forma desassociada de qualquer sindicato, perante uma necessidade de “continuar com outras formas de luta”.
Recordando que na semana passada o Governo aprovou o novo regime de recrutamento, que esteve a ser negociado com as organizações sindicais, mas não mereceu acordo, a professora entende que os docentes não estão a ser ouvidos e, por isso, “são precisos mais protestos”.
Já no largo junto ao santuário do Cristo Rei, os docentes voltaram a concentrar-se numa mancha de gente, decorada com faixas, cartazes e algumas velas e cravos vermelhos, em frente a uma instalação onde se lia a palavra “Escola”, iluminada por lâmpadas.
“Percebemos que chegamos a uma embocadura em que a necessidade fundamental é dignificar, antes de mais, os profissionais da educação, restituindo-lhes valores essenciais como o respeito e a autoridade”, defendeu Ana Mercedes, também do movimento, numa intervenção em frente a centenas de colegas.
Considerando que a educação não é uma prioridade do Governo, “porque não quer”, Ana Mercedes afirmou que a resposta aos problemas que professores e alunos enfrentam nas escolas cabe a toda a sociedade.
“Escolher a educação, porque dela depende o futuro do nosso país, é a decisão mais acertada”, defendeu.